Manaus
Capitais: Manaus fica em 15º lugar no ranking Calçadas do Brasil 2019
A cidade ficou com nota 5,71, a mesma da média nacional, ainda assim muito abaixo da nota 8 considerada mínima para um caminhar seguro e confortável.
Manaus tem alguns poucos locais exemplares para acolher os pedestres. Mas o panorama geral
da capital amazonense é de total abandono de calçadas, sinalização e demais equipamentos de
apoio ao pedestre. É o que diz o relatório de 2019 da campanha Calçadas do Brasil 2019, realizada pelo portal Mobilize Brasil. A cidade ficou em 15º lugar no ranking das capitais, com nota 5,71, a mesma da média nacional, ainda assim muito abaixo da nota 8 considerada mínima para um caminhar seguro e confortável.
“Estamos longe de ser uma cidade caminhável: as calçadas são desconectadas, cada um usa seu próprio critério para construir o passeio e o resultado é uma bagunça. Nos órgãos públicos é que se tem alguma possível adequação, mas ainda não é o correto. Encontrei calçadas ‘públicas’ completamente abandonadas e algumas totalmente fora do padrão. E isso em edificações dos três níveis de governo, mas especialmente nos equipamentos da Prefeitura de Manaus”, a ativista Navratinova Evert Cardonha, que realizou as 21 avaliações na capital do Amazonas.
Entre as melhores avaliações de Manaus está a orla da Ponta Negra – considerada a 3ª melhor do Pais -, o Largo São Sebastião e o Teatro Amazonas. Entre as piores, a calçada da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), na Avenida Darcy Vargas, no Terminal de Integração 1, na Avenida Constantino Nery e no Teatro da Instalação, na Rua Frei José dos Inocentes, no Centro Antigo.
A avaliadora reconhece que os órgãos públicos ainda têm alguma adequação – bem superior aos das calçadas “privadas” – mas denuncia que mesmo nesses equipamentos a situação está longe do ideal. E isso em edificações dos três níveis de governo, especialmente nos equipamentos da Prefeitura de Manaus. Um dos melhores exemplos está na área da Orla da Ponta Negra, local turístico que ficou entre os dez mais bem avaliados do Brasil. Ou o Largo São Sebastião, que ostenta um piso bem mantido construído com mosaico português e blocos intertravados, além de boa vegetação e mobiliário para conforto e descanso dos pedestres.
Todos são exceções: até mesmo o acesso ao campus da Universidade Estadual de Manaus ostenta uma calçada estreita e danificada. A capital amazonense também é pobre na oferta de sinalização específica para os pedestres. As faixas de travessia são insuficientes e mal posicionadas, e os semáforos de pedestres apresentam tempos muito curtos para a passagem de pessoas com mobilidade reduzida. Nesse aspecto, Manaus se iguala a quase todas as capitais.
O relatório cita, no entanto, que Manaus realizou há pouco tempo uma campanha intensiva para educar os motoristas e pedestres em relação às travessias. As pessoas sinalizam e os carros – quase sempre – param, explicou a avaliadora. Em 2013, a prefeitura lançou uma Cartilha de Calçadas para orientar as pessoas, e havia até uma intenção de fiscalizar e multar os donos de imóveis irregulares. Mas, a campanha não vingou. O Ministério Público Estadual chegou a ajuizar uma ação contra a gestão municipal pedindo “…a imediata desocupação e reparo das calçadas…”, mas os resultados dessa ação ainda não chegaram às ruas, especialmente nas áreas de comércio.
O documento resume os resultados de avaliações sobre acessibilidade e caminhabilidade nas 27 capitais brasileiras, realizadas entre março e julho de 2019. Trata-se de um trabalho colaborativo, somente possível pelo apoio recebido de pessoas e empresas em um financiamento coletivo organizado pelo Mobilize Brasil na plataforma Benfeitoria. E também pela colaboração de dezenas de pessoas que aderiram à proposta e saíram a campo para “medir” a qualidade da infraestrutura
dedicada ao pedestre. As avaliações foram realizadas por estudantes, professores, ativistas e pesquisadores universitários que dedicaram várias horas de trabalho a pesquisa.
finalidade da campanha é fomentar o debate sobre o assunto e pressionar os governos a implementarem políticas públicas que beneficiem o pedestre. Não sem fortes motivos: São Paulo, a cidade que teve a nota individual mais alta — 6,93 — ainda não alcançou a média mínima satisfatória. O cenário na base do ranking, Belém, é ainda mais catastrófico: pontuação de 4,52.
Do ponto de vista do órgão responsável pelo equipamento, as calçadas com maior nota são aquelas cuidadas por órgãos do Poder Legislativo. Os passeios mantidos pelo Poder Judiciário vêm em seguida. As piores condições são observadas próximas a serviços de saúde e de segurança pública, atividades típicas do Poder Executivo.
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