Economia
Preço de produtos em sites muda quando pesquisado em iPhone, Android e computador
Estratégia é chamada de “preço dinâmico” e é parecida com o que acontece em passagens de avião, segundo reportagem do jornal Valor Econômico.
Imagine que você está buscando um celular para comprar pela internet. Ao encontrá-lo a um bom preço, você manda o link do site para algum amigo em busca de uma opinião. Mas quando ele abre a página do site, ele vê um valor diferente do seu, embora seja o mesmo produto, vendido pela mesma empresa. Acredite, isso não se trata de um erro e é uma prática comum em alguns e-commerces, segundo reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico.
O nome dessa estratégia é preço dinâmico — foi inclusive feito um teste real que você pode verificar no vídeo abaixo. Ela se assemelha ao que acontece com o preço das passagens aéreas, que pode mudar várias vezes em um dia, de acordo com a procura por vôos para aquele destino e naquela data. No caso das lojas online, porém, mais coisas são levadas em consideração.
“Os sistemas usados tentam ler uma série de dados para identificar quem é aquele comprador e o quanto ele está precisando ou querendo aquele produto. E, ao descobrir informações sobre ele, as lojas podem variar o preço daquele produto, seja para incentivá-lo a comprar mais rápido ou até colocando um valor maior”, explica o professor Marcelo Coutinho, coordenador do mestrado profissional da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Portanto, a mudança do preço não se dá necessariamente por causa do aparelho que você está usando para a pesquisa. O principal, para as lojas, é identificar o consumidor e as suas necessidades.
Segundo o professor, quando o consumidor faz uma busca em um site, a primeira coisa que as ferramentas usadas pelas lojas faz é checar se ele está “logado”, ou seja, se já tem cadastro na loja e está usando seu perfil. A partir daí, ele lê as informações básicas do potencial comprador, como o endereço e quais foram as últimas compras.
Depois, essas tecnologias tentam rastrear o número do IP (protocolo de internet, na sigla em inglês) do computador ou smartphone que está sendo usado pelo consumidor. Com esse número, eles podem conseguir informações como o histórico de buscas feitas naquele aparelho, para, a partir daí adaptar ou não o preço de um produto.
“Existe um conjunto de tecnologias chamado finger print (impressão digital em inglês). Toda vez que você acessa a um site comercial de grande porte, é possível puxar até 50 informações diferentes do seu computador”, afirma o professor. “A loja pode identificar quantas vezes você buscou pelo produto x ou y e, a partir dali, ela pode oferecer um preço para você”, explica.
Depois de identificar o comprador, a loja traça uma estratégia, que segundo Coutinho, pode variar. “Se o sistema percebeu que você buscou um determinado produto muitas vezes, a loja pode colocar ele mais barato para você, pra te convencer a levá-lo logo. Por outro lado, se ela tiver pouco estoque daquele produto, ela pode aumentar o preço dele para você, imaginando que você precisa muito, então vai comprar de qualquer maneira”, diz.
Portanto, se você buscou muitas vezes um determinado produto no seu iPhone, ele pode aparecer a um preço “customizado” para você. Que pode, por sua vez, ser diferente do preço visto pelo seu amigo, em outro aparelho.
O Valor Investe monitorou durante duas semanas três modelos de smartphones em cinco dos principais e-commerces do país. Foram eles o iPhone XS de 64 GB de memória (modelo mais novo da Apple vendido no Brasil), o Samsung Galaxy S10 de 128 GB de memória (modelo mais novo da principal linha da Samsung) e o Samsung Galaxy A30 de 64 GB de memória (smartphone mais vendido no Brasil neste ano).
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