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Economia

Pesquisa revela que crise climática já impacta consumo de roupas dos brasileiros

O levantamento mostra que, preocupada com o meio ambiente, mais da metade da população (53%) do país vem dando preferência a marcas de roupas e calçados que utilizam materiais que não prejudicam o planeta.

As mudanças climáticas, um dos temas da Conferência Mundial do Clima, que termina nesta terça-feira, em Dubai, já estão mudando o padrão de consumo dos brasileiros, de acordo com uma pesquisa da HSR Specialist Researchers, que ouviu 2.786 pessoas em todas as regiões do país. O levantamento mostra que, preocupada com o meio ambiente, mais da metade da população (53%) do país vem dando preferência a marcas de roupas e calçados que utilizam materiais que não prejudicam o planeta. Há 5 anos, esta preocupação rondava a cabeça de apenas 14% dos brasileiros.

As pessoas foram ouvidas em maio deste ano e a pesquisa ficou pronta em setembro, mas está sendo divulgada nesta semana, após a tabulação ficar completa. A economia circular também registrou um avanço expressivo: se, em 2019, apenas 11% dos consumidores tinham o hábito de comprar em brechós ou fazer trocas em grupos de amigos, hoje já são 42% que apostam nestas iniciativas. As compras por impulso — daquelas com grandes chances de encalhar no armário ou virarem desapegos — também fazem parte do passado, ainda que recente, para muita gente: 59% dos entrevistados na pesquisa “Brasil Brasileiro” afirmaram que passaram a comprar com consciência e equilíbrio, algo que só 16% faziam 5 anos atrás.

As mudanças na rotina por conta da preocupação ambiental não envolvem somente o guarda-roupa. Os novos hábitos também podem ser vistos entre as gôndolas dos supermercados. Na hora de colocar um produto de limpeza no carrinho de compras, o brasileiro tem levado em consideração o descarte correto e o tempo de decomposição das embalagens. Quase metade dos entrevistados (46%) disse preferir marcas que têm ações em prol do meio ambiente. Adquirir produtos que tenham refil, sempre que possível, já faz parte do dia a dia de quatro entre cada 10 consumidores.

A pesquisa mostrou ainda que, dentro de casa, o brasileiro também em feito mudanças. Hoje, 55% dos entrevistados já separam o lixo, mais do que o dobro de pessoas (24%) de 20 anos atrás, quando a HSR fez levantamento semelhante. Há duas décadas, apenas 16% tinham interesse em conhecer ações ecológicas, percentual que deu um salto, em 2023, para 53%

“O cuidado com o meio ambiente deve ser uma condição para as marcas. Seja pelo protagonismo que o ESG tem ocupado nas empresas de grande porte, seja por uma exigência da própria população, vide os valores mais representativos para os brasileiros em nossa pesquisa. Um dos principais insights da pesquisa para as marcas é avaliar a inclusão de linhas de produtos que demonstrem um forte potencial para eliminar o desperdício e manter os recursos em ciclo, ao invés de descartá-los após o uso. Maximizar o valor dos recursos, reduzir impacto ambiental e criar sistemas mais sustentáveis onde os produtos e materiais são reutilizados, reciclados ou reintegrados na cadeia produtiva”, defende Karina Milaré, sócia diretora da REDS, empresa member da HSR Specialist Researchers.

Atentas ao novo perfil do consumidor e às necessidades ambientais, 42% das empresas, segundo dados do “Panorama ESG”, pesquisa realizada com empresários associados ao Instituto Capitalismo Consciente Brasil, já discutem ou implementam práticas ESG, sigla que representa iniciativas em prol do meio-ambiente, governança e social.

“Não podemos perder de perspectiva a importância relativa de que cada componente ESG pode variar de empresa para empresa e setor para setor, dependendo de suas operações, desafios e prioridades:”, complementa Karina.

De acordo com um levantamento feito pelo Sebrae, o estado do Rio de Janeiro é o terceiro com o maior número de brechós no Brasil. Ao todo, são 113 estabelecimentos formais nesse segmento registrados como microempreendedores individuais. Segundo a analista do Sebrae Rio Ana Carolina Damasio, desde a pandemia houve um crescimento de 50% nesse mercado. O público-alvo, em sua maioria, passou a ser composto por jovens de até 29 anos.

— A pandemia transformou as pessoas e a forma delas consumirem. Tivemos que nos adaptar e passamos a comprar muita coisa local. Isso influenciou nos brechós. Todo mundo passou a tomar decisões mais conscientes e a valorizar o que havia de bom na própria região. Os jovens são mais engajados nas causas sociais e, hoje, buscam marcas com esse propósito — explicou Ana Carolina.


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