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Economia

Número de empresas inadimplentes bate recorde, e pedidos de falência aumentam, aponta Serasa Experian

De acordo com levantamento da Serasa Experian, a maioria dos negócios que têm contas atrasadas é de micro e pequenos empreendedores.

Pesquisa diz no comércio 37% estão com contas atrasadas. (Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo)

No mês passado, de um total de 6.512.731 empresas brasileiras estavam inadimplentes, ou seja, com contas atrasadas, de acordo com levantamento feito pela Serasa Experian. Esse é o maior número para abril desde o início da série histórica, iniciada em 2016. A soma das dívidas também cresceu e alcançou patamar recorde: R$ 117,5 bilhões.

O número de falências é outro indicador que vem aumentando. No primeiro quadrimestre de 2022, 258 empresas entraram com pedido de falência. No mesmo período de 2023, o total subiu para 346 — alta de 34%.

Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, os juros elevados e a inflação fora do centro da meta afetam o poder de compra dos consumidores e encarecem a produção das empresas, que perdem nas duas pontas.

“Com insumos encarecidos, juros altos e nenhum incentivo ao consumo, o fluxo de caixa das empresas não encontra espaço para crescer, o que torna a quitação de dívidas inviável para os donos de negócios”, argumenta.

De acordo com a pesquisa, cada CNPJ possui cerca de sete contas negativadas. O setor de serviços é o mais afetado, acumulando 54% do total de inadimplentes. Em seguida, aparecem o comércio, com 37% de empresas com contas atrasadas; indústrias, com 7,7%; o setor primário (0,8%) e outros (0,5%), que contempla empresas financeiras e do terceiro setor.

Sudeste lidera ranking de inadimplência

É na região Sudeste que estão concentradas mais empresas inadimplentes. No ranking por estado, São Paulo ocupa o primeiro lugar, seguido de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em quarto, aparece o Paraná e, depois, vêm Rio Grande do Sul e Bahia.

A maioria dos negócios com o caixa no vermelho é de micro e pequenas empresas, que equivalem a 87,6% das negativadas e totalizam 5,7 milhões. Somados, os débitos desses negócios atingem a cifra de R$ 94,5 bilhões.

“Os empreendimentos de portes menores são, naturalmente, mais impactados pelas dificuldades financeiras, já que possuem menor fôlego no fluxo de caixa e pouca reserva emergencial”, explica Rabi.

O economista da Nomos Beto Saadia diz que juros elevados afetam muito o consumo e, com crédito mais caro, pequenas empresas sofrem mais do que as grandes:

— Ao longo da pandemia, muita empresa de bairro fechou, e as mais capitalizadas, grandes redes por exemplo, ganharam espaço sobre os pequenos empreendedores, que não tinham acesso a crédito, nem a mercadorias. A taxa de juros alta faz esse efeito. Em geral, em um cenário levemente desfavorável, é ruim pro pequeno varejista e bom para o grande varejista, porque acaba reforçando essas marcas.

Ricardo Saravalle, líder de varejo da consultoria internacional Bip, ressalta ainda que as lojas físicas têm uma estrutura de custo alta, que inclui despesas com aluguel, salário de colaboradores e outros gastos operacionais importantes, que acabam pesando mais para os pequenos lojistas.


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