Economia
Número de brasileiros endividados alcança recorde em abril, diz pesquisa da Confederação do Comércio
Apesar de nova queda na inadimplência, puxada pelas famílias de menor renda, crise provocada pela pandemia segue comprometendo orçamento e exigindo cautela dos consumidores.
O número de famílias endividadas no País alcançou o recorde histórico em abril – igualando o nível de agosto do ano passado. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que o percentual de brasileiros com dívidas chegou a 67,5% no mês, altas de 0,2 ponto percentual em relação a março de 2021 (a quinta seguida) e de 0,9 ponto percentual em relação a abril de 2020.
Por outro lado, segue-se observando o oposto com relação à inadimplência: pelo oitavo mês consecutivo, o percentual entre as famílias que têm dívidas em atraso caiu, alcançando 24,2% em abril, 1,1 ponto percentual abaixo do apurado no mesmo período de 2020. A parcela dos brasileiros que declararam que não terão condições de pagar contas ou dívidas e que permanecerão inadimplentes também caiu ligeiramente, na passagem mensal, para 10,4%, mas teve alta de 0,5 ponto percentual em relação a abril passado.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que esse aumento no endividamento era esperado, uma vez que o índice vinha crescendo nos últimos meses, diante dos impactos da pandemia na renda dos consumidores. Apesar da nova complementação emergencial do governo e de haver uma melhora na geração de vagas, no mercado de trabalho formal, ele explica que a regularização de dívidas costuma demandar mais tempo.
“Mesmo com as dificuldades, a população média tem conseguido manter um nível de consumo, graças ao mercado de trabalho, mas tem usado mais o crédito. E é isso o que impulsiona o nosso setor, que por sua vez ajuda a economia a andar. Porém, apenas com a imunização coletiva poderemos acelerar essa equação e permitir que as famílias descomprometam seu orçamento da forma como está hoje”, alerta Tadros.
Baixa renda
Com relação ao endividamento, nas famílias com renda de até dez salários mínimos o percentual de endividadas cresceu de 68,4% para 68,6%. Para as famílias com renda acima de dez salários, essa proporção teve ligeira queda, após quatro fortes altas. Já no que se refere à inadimplência, houve o movimento oposto no período. A proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso na faixa de até dez salários mínimos caiu de 27,2%, em março, para 26,9%, em abril, atingindo a menor proporção desde janeiro de 2020. Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual aumentou de 12,2%, em março, para 12,3% em abril – maior proporção desde abril de 2018.
“Com a perda e o comprometimento da renda, os consumidores de menor poder aquisitivo precisaram se reorganizar para fechar as contas de seus orçamentos. Com o valor atual menor do auxílio emergencial, essas famílias estão restringindo gastos até o limite para quitar seus compromissos financeiros. Ainda assim, com a crise, muitos são empurrados para um maior endividamento”, explica a economista da CNC responsável pelo estudo, Izis Ferreira.
Dívida com cartão
Tanto as famílias de maior renda quanto as de menor renda ampliaram as dívidas feitas por meio do cartão de crédito, de acordo com a pesquisa de abril. A modalidade de pagamento atingiu o recorde histórico de 80,9% do total de famílias. Cheque especial e crédito consignado também se destacaram entre as modalidades mais procuradas na passagem mensal, assim como os financiamentos de casa e carro, pela elevada liquidez e juros ainda baixos.
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