Economia
Juros do cartão rotativo terminam o ano em 409%, o maior desde 2017
Taxa de juros totais do crédito aumentaram em 94,1% até dezembro de 2022.
Os juros do cartão de crédito rotativo chegaram a 409,3% no fim de 2022, maior patamar desde de agosto de 2017, quando a taxa estava em 428%. Foi um salto de 61,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. A alta no custo de crédito agrava o endividamento, que atinge metade da população.
Desde 2014: Com saldo de R$ 54 bi, contas do governo têm em 2022 o primeiro superávit em nove anos.
Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira. O rotativo no cartão é um crédito-pré-aprovado a que os consumidores costumam recorrer quando estão em dificuldade. Ele e o cheque especial são os créditos de urgência mais procurados, por isso, os juros nessas modalidades costuma ser tão altos.
Quando os clientes não conseguem pagar uma fatura e entram no rotativo, o cenário ideal é finalizar a operação no “curtíssimo prazo”, conforme avaliação de Fernando Rocha, chefe do departamento de Estatísticas do BC.
Logo, segundo Rocha, o prazo de uma operação no cartão de crédito rotativo é “tipicamente” de um mês. A taxa de inadimplência, porém, não é baixa. O endividamento para pessoas físicas, no crédito rotativo, fechou o ano passado em 44,7%, bem abaixo do 7,8% para as compras parceladas. Em dezembro de 2021, esses números eram de 35,7% e 6,1%, respectivamente.
— Quando o cliente entra no cartão de crédito rotativo, em geral, ele já teve dificuldade de pagar toda a fatura na origem. Então, quando há uma concessão de crédito rotativo, economicamente é como se ele já estivesse inadimplente na partida. É mostrada uma dificuldade maior para gerir aquela operação, por isso as taxas de inadimplência no cartão de crédito rotativo são muito elevadas — diz Rocha.
A taxa para as compras parceladas no cartão de crédito subiu para 182,4%, aumento de 2,4 pontos. Já a taxa de juros total do cartão de crédito ficou em 94,1% até dezembro de 2022.
O juro no cheque especial também aumentou, de 127,9% ao ano, em dezembro de 2021, para 131,9% ao ano no fechamento do ano passado.
O aumento no custo do crédito também ocorreu em outras modalidades. De acordo com o BC, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em suas operações com pessoas físicas e com empresas registrou alta de 8,2 pontos percentuais no ano de 2022 e chegou a 42% ao ano em dezembro, o triplo da Selic, que está em 13,75% ao ano.
Mesmo com o juro mais alto, a contratação de crédito cresceu. O estoque avançou 14% em 2022, embora o ritmo de alta tenha sido menor que o do ano passado. E o patamar de endividamento das famílias atingiu 49,5%, levemente abaixo do registrado no ano passado.
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