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Economia

Imposto de Renda: Receita paga hoje quarto lote da restituição. Veja como melhor usar o dinheiro

Para aqueles que estão inadimplentes, o primeiro passo é tentar quitar os débitos, principalmente daquelas contas que incidem juros maiores.

A Receita Federal paga, nesta quarta-feira (dia 31), o quarto lote de restituição do Imposto de Renda 2022. Serão depositados R$ 6 bilhões nas contas de 4.462.564 contribuintes. Com isso, chegou a hora de planejar bem o que fazer com o dinheiro, ainda mais em um contexto de inflação e juros ainda altos. A resposta, é claro, depende das necessidades e do perfil de cada contribuinte.

O site EXTRA ouviu especialistas em finanças pessoas sobre a melhor forma de usar esse dinheiro em tempos de crise. Veja a seguir recomendações:

Pague dívidas

Para aqueles que estão inadimplentes, o primeiro passo é tentar quitar os débitos, principalmente daquelas contas que incidem juros maiores, como é o caso do cartão de crédito. Como destaca o educador financeiro do C6 Bank, Liao Yu Chieh, além de evitar os juros, é possível amortizar os valores pendentes e se livrar mais rápido das dívidas.

Chieh, no entanto, destaca que nem toda a dívida vale a pena ser paga com antecedência na atual conjuntura, como nos casos do financiamento imobiliário, que atualmente têm juros abaixo da taxa básica do Banco Central, a Selic (13,75%).

— A pessoa precisa liquidar ou amortizar as dívidas caras. Ao receber a restituição, se ela não tem reserva de emergência, a recomendação é aplicar em produtos com alta liquidez e baixo risco e formar essa reserva. Assim ela não terá risco de contrair dívidas mais caras, em caso de imprevisto — afirma.

Não tem reserva? Veja como formar uma

Para aqueles que não possuem dívidas caras ou ainda têm dinheiro sobrando após o pagamento delas, o ideal é justamente buscar a formação de uma reserva de emergência para enfrentar eventuais tempos mais bicudos à frente.

— Muitas vezes as pessoas vão para etapa do investimento sem ter uma reserva de emergência e acabam tendo que fazer uma retirada no meio do caminho, quando nem sempre é o melhor momento para resgatar (uma aplicação) – diz o especialista da Rico Investimentos, Antônio Sanches.

Com a reserva, é possível cobrir despesas com imprevistos. O mais indicado para juntar esse dinheiro são investimentos em renda fixa que possuam liquidez diária, ou seja, podem ser sacados em qualquer dia sem prejuízo do investidor.

Sanches destaca os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) que paguem 100% do CDI e que possuem liquidez diária, além de papéis do próprio Tesouro Selic e alguns fundos de renda fixa DI.

Com juro alto, avalie bem opções na renda fixa

Com a reserva formada, o contribuinte pode ampliar seu leque de opções. Com o patamar elevado dos juros locais, os investimentos em renda fixa tornaram-se mais atraentes no atual momento. Quem pode investir no longo prazo pode ganhar mais.

O cuidado que se deve ter é com os prazos das aplicações, que devem coincidir com os objetivos de cada investidor.

— O dinheiro restante, depois que você pagou as dívidas e formou a reserva de emergência, pode ser aplicado em uma renda fixa com tempo maior, de dois a três anos. Se você respeitar o vencimento do papel, você vai ganhar o que está contratado. Se sair antes, a marcação a mercado pode fazer com que você perca mais do que investiu — diz Graziela Fortunato, especialista em finanças e professora da IAG – Escola de Negócios da PUC.

Aplicações pós-fixadas, aquelas que acompanham os juros, são boas opções, especialmente para quem quer correr menos risco, já que elas oscilam pouco até o vencimento. Esses investimentos são mais aconselhados para objetivos de menor prazo.

Além dos CDBs, destacam-se os títulos do Tesouro Direto atrelados à Selic, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

O risco de calote dos títulos emitidos pelos bancos privados sempre existe, mas o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) oferece proteção até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira. Vale destacar também que LCIs e LCAs são isentos de imposto de renda.

Para quem aceita correr mais risco, o investidor pode reduzir sua exposição em títulos pós-fixados e aumentar em prefixados e atrelados à inflação.

Os títulos atrelados à inflação remuneram o IPCA mais uma taxa prefixada definida no momento da aplicação. Com isso, o investidor se protege do aumento dos preços no período e pode ganhar mais, já que a parte prefixada está alta, com a perspectiva de uma Selic ainda elevada.

Mas tanto para prefixados quanto para atrelados à inflação, a atenção com os prazos deve ser redobrada, pois as taxas e preços dos títulos variam diariamente até a data de vencimento pelos mais diversos motivos, que vão desde a divulgação de dados econômicos até as incertezas políticas.

Dessa forma, aqueles que estejam interessados em resgatar o ativo investido antes do prazo final precisam estar atentos a esses ganhos ou perdas, pois é possível que a curva de juros do mercado em um determinado momento seja diferente da taxa de cupom da época da aquisição do ativo.

— O prefixado é o que a pessoa precisa de mais atenção. As taxas estão altas, mas estamos em um período pré-eleitoral, e a volatilidade é maior. Se você pretende investir agora no prefixado, com um futuro um pouco nebuloso, é importante pensar em prazos mais curtos. Os atrelados ao IPCA também têm uma boa rentabilidade e podem sofrer nesse primeiro momento, mas em magnitude menor, porque eles são híbridos — disse Sanches.

Mais risco

Caso o contribuinte queira correr mais risco e tenha planos de investimento de mais longo prazo, a renda variável segue sendo uma opção.

— Apesar da alta recente, enxergamos a Bolsa descontada em relação ao histórico dela. E você tem o mercado de fundos imobiliários que começou a reagir no último mês, com uma perspectiva de melhora na curva de taxas de juros futuras — destaca o especialista da Rico Investimentos.

Fundos multimercados, que investem tanto em ativos de renda fixa quanto variável, também podem ser boas opções.

— Os fundos multimercados são uma ótima opção para aqueles que só têm renda fixa e querem partir para a renda variável. É um começo para ele conhecer produtos mais voláteis — afirmou.

Veja o calendário dos lotes de restituições:
1º lote – 31 de maio (pago)
2º lote – 30 de junho (pago)
3º lote – 29 de julho (pago)
4º lote – 31 de agosto (pago nesta quarta-feira)
5º lote – 30 de setembro


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