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Economia

Ex-presidente do BNDEs alerta sobre “alto preço” para financiar obras em outros países

“Se vamos fazer, que seja feito de outra forma”, disse Maria Silvia, em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada na terça-feira 24.”

A economista Maria Silvia Bastos Marques, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse que o Brasil já “pagou um alto preço para financiar obras em países vizinhos”, por falta de critérios que envolvem garantias e formas de pagamento.

O posicionamento da economista veio depois de o presidente Lula anunciar o financiamento de um gasoduto na Argentina. A obra será custeada com o dinheiro dos pagadores de impostos do Brasil, por meio do BNDES.

“Se vamos fazer, que seja feito de outra forma”, disse Maria Silvia, em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada na terça-feira 24.”

Maria Silvia tem dúvidas sobre o eventual uso do Fundo de Garantia à Exportação (FGE). A ex-BNDES lembra que, quando já não comandava o banco, o FGE estava sem recursos e precisou de aportes da União para cobrir calotes que países como Venezuela e Cuba deram em bancos brasileiros. “O BNDES foi ressarcido com dinheiro do contribuinte, porque fez um empréstimo e não tinha garantia, sendo que a grande justificativa para o empréstimo ter sido feito era ter garantia, então, é um círculo vicioso”, observou Maria Silvia.

No Orçamento de 2023, o FGE vai ter quase R$ 5 bilhões à disposição. Para tentar resolver o problema de falta de liquidez em reais para importadores argentinos, o governo Lula anunciou uma linha de crédito para financiamento de comércio exterior, que seria garantida pelo FGE.

Além de uma garantia certa, é importante definir qual será a fonte de recursos para o BNDES, para voltar a realizar essas operações com países estrangeiros, ponderou Maria Silvia. “A grande questão no Brasil hoje é o fiscal, é ao redor do que gira toda a incerteza, a preocupação dos agentes econômicos, a volatilidade dos juros”, afirmou.

“Estamos falando de uma nova gestão que quer colocar como prioridade a inclusão dos pobres no Orçamento, mas o Orçamento é finito”, lembrou a ex-BNDES. “Quais são as nossas prioridades? Emprestar para países vizinhos ou elevar a renda média nacional, aumentar nossa produtividade, incluir pessoas no mercado de trabalho?”


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