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Economia

Endividado, consumidor tende a abandonar compra por impulso no Natal

Depois de uma Black Friday minguada, com vendas em queda pela 1ª vez, brasileiros dão sinais de que as compras de Natal não terão euforia.

Menos compra por impulso, mais racionalidade. O 13º salário não está sendo suficiente para animar os consumidores para as tradicionais compras de fim de ano. Depois de uma Black Friday minguada, com vendas em queda pela primeira vez desde que a data passou a ser comemorada no país, o brasileiro dá sinais de que as compras de Natal devem vir acompanhadas de um espírito sem euforia.

Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Comércio Eletrônico (Abcomm), divulgada com exclusividade para a Folha, aponta aumento real de 3,8% nas vendas do Natal 2022 sobre a mesma data do ano passado, para R$ 17,3 bilhões. O Natal 2021, por sua vez, tinha apresentado alta de 18% sobre as vendas do ano anterior.

O tíquete médio deste ano está em R$ 450, segundo a Abcomm, praticamente empatado com os R$ 445 gastos no Natal de 2021.

A previsão da Abcomm está em linha com as expectativas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que estima um crescimento real de 3% neste Natal sobre a data do ano passado.

Segundo a Abcomm, as categorias que tendem a apresentar maior demanda para o Natal são moda, beleza e pet shop. “A telefonia vai ficar para 2023, com a entrada mais robusta do 5G”, diz Rodrigo Bandeira.

O executivo afirma o varejo eletrônico vem aprimorando sua logística para entregar com mais rapidez. “O brasileiro sabe que pode esticar a data das compras até mais próximo do Natal e ser atendido.”

Já uma pesquisa do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (Sindilojas) mostra menos otimismo: aumento nominal (sem descontar a inflação) de 5% neste Natal. A inflação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses, porém, é de 6,47% até outubro. A previsão do mercado financeiro para a inflação deste ano é de 5,63%.

“O alto endividamento das famílias, além do câmbio desfavorável, que impactou o preço de muitos produtos, em especial eletrônicos, obriga as pessoas a serem mais assertivas nas suas escolhas de consumo”, diz Rodrigo Bandeira, vice-presidente da Abcomm.

Levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que quatro em cada 10 brasileiros adultos (40,05%) estavam negativados em outubro de 2022 -o equivalente a 64,87 milhões de pessoas, um novo recorde da série histórica do levantamento, realizado há oito anos.

Em outubro, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 9,24% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Foi o que justificou, por exemplo, o desempenho aquém do esperado da Black Friday este ano, que também foi impactada pelo menor número de promoções oferecidas pelo varejo e por ocorrer simultaneamente com a Copa do Mundo. “Para o digital, a Copa foi um fator de dispersão”, afirma Bandeira.

Segundo números da Abcomm, houve um aumento de 3% nas vendas da Black Friday em 2022, chegando a R$ 6 bilhões (faturamento acumulado de quinta a domingo). Considerando apenas a sexta-feira, porém, o número de pedidos caiu 4%.


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