Economia
Em 3 anos de pandemia, quase 300 mil marmitarias abriram no Brasil, diz Sebrae
No período, o ano com maior número de registros foi 2021, com quase 113 mil marmitarias abertas.
O setor de marmitas explodiu com a covid-19: 68% dos negócios foram abertos nos três anos de pandemia (2020-22). No período, foram criadas 298.966 marmitarias das 440.493 registradas oficialmente no país. Alternativa para encarar a crise Os números foram levantados pelo Sebrae a partir de dados da Receita Federal.
No período, o ano com maior número de registros foi 2021, com quase 113 mil marmitarias abertas.
Veja quantas marmitarias foram abertas nos últimos quatro anos:
2019 – 73.840
2020 – 106.753
2021 – 112.747
2022 – 79.466.
“A elaboração de marmitas, que é considerada menos complexa e com a possibilidade de entrega na vizinhança, passou a ser vista como uma alternativa de renda ou complemento da atividade profissional diante da crise”, informa Luiz Rebelatto, analista do Sebrae.
Inspiração e ajuda da família
Os empresários Vinícius Ramos, 35, e Fernanda Cassullo, 41, vivem de suas marmitarias. Eles começaram antes da pandemia. Ramos abriu a marmitaria Empório das Massas em 2014, depois de anos acompanhando e ajudando o pai em uma pizzaria de Birigui (SP).
A nutricionista Cassullo começou fazendo marmitas congeladas com a mãe em 2015 e logo criou a Naturale Marmitaria, em São Paulo. Ramos se inspirou no trabalho do pai em uma pizzaria em Birigui. Resolveu abrir o Empório das Massas, onde hoje eles trabalham juntos. Segundo o empresário, o pai tem uma mão boa para cozinhar, mesmo sem ter estudado gastronomia, mas “deixava um pouco a desejar” na parte administrativa.
“Meu pai sempre se ferrou muito na parte de funcionário. Ele pagava as pessoas, as pessoas não assinavam o recibo, essas coisas. Quantas e quantas pessoas não acionaram meu pai na Justiça? E quando precisou, não foi ajudado”, diz Vinícius Ramos, do Empório das Massas.
Influência da pandemia
“A pandemia teve grande influência no crescimento da atividade. Isso porque ela provocou duas mudanças importantes: os pedidos de delivery aumentaram, e houve um movimento empreendedor”. A avaliação é de Luiz Rebelatto, analista de Competitividade do Sebrae. Quando a pandemia começou, em 2020, Vinícius tinha acabado de abrir uma segunda unidade do Empório das Massas em Birigui. O lugar não tinha mesas, apenas balcão, e servia comida por quilo. Sua esposa estava grávida do segundo filho e, por isso, a família tinha que manter o negócio de pé a qualquer custo.
“Por mais que eu estivesse com medo, fiz de tudo para não fechar”, lembra. “Ah, não pode atender lá dentro? Coloquei mesa na rua. Não pode mais atender na rua? Fiz drive-thru na loja. Uma coisa que prometi para mim mesmo era não mandar ninguém embora, mesmo com pouco fluxo de caixa. Rebolei, fiz o que pude, e passamos pela pandemia tranquilos”.
Agora tendência é de estabilidade
Depois do boom com a pandemia, a tendência agora é de estabilidade no mercado. “Não é todo mundo que vai permanecer no mercado. Uns começam e desistem, outros tentam e não conseguem”, afirma o analista do Sebrae. Hoje Vinícius vende 500 refeições por dia, em média, e tem em torno de 35 funcionários, considerando as três lojas. O faturamento é de cerca de R$ 3 milhões. O objetivo agora é consolidar as três unidades do Empório das Massas e abrir uma fábrica, para fornecer seu produto até mesmo a concorrentes.
Cassullo diz vender de 7.500 a 8.000 marmitas por mês e que não pensa em abrir uma loja física. A nutricionista quer primeiro estruturar um pouco melhor seu canal de vendas (o site oficial) e “trabalhar com linhas específicas para um novo segmento de clientes”.
“A dica que dou [para quem está começando] é: deixe o medo de lado. Começa dentro de casa, faz uma marmita, testa, tira uma foto legal. Quando começar a divulgar, é isso que vai chamar a atenção. Por último, tenha um cardápio enxuto. Pratos gostosos, mas sem uma gama grande de produtos. Aí você consegue fazer em casa, ter um estoque”, diz Fernanda Cassullo.
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