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Economia

Demissões voluntárias no Brasil crescem mais de 30% nos primeiros cinco meses do ano

País registrou 2,9 milhões de funcionários que pediram desligamento; índice é maior entre profissionais com nível superior.

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (10) mostra que está crescendo no Brasil o número de demissões voluntárias, ou seja, aquelas solicitadas pelos próprios trabalhadores.

Foram 2,9 milhões entre os meses de janeiro a maio deste ano, um aumento de 32,5% em relação ao mesmo período de 2021. Essa modalidade representou 33,4% de todos os desligamentos registrados nesses cinco meses.

Os dados são da gerência de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Previdência. Eles mostram que um em cada três rompimentos do contrato de trabalho aconteceu por iniciativa do funcionário.

A avaliação da Firjan é que o Brasil sente os efeitos de um fenômeno mundial batizado de The Great Resignation, ou A Grande Renúncia, com mudanças nas relações de trabalho, aceleradas pela pandemia e pela transformação digital nas empresas.

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, avalia que há uma mudança comportamental em curso. “A preferência por novas modalidades de trabalho, a globalização do mercado de trabalho – com a possibilidade de profissionais brasileiros atuarem em empresas estrangeiras sem sair do país – e um desejo crescente por maior equilíbrio entre trabalho e a qualidade de vida”, colocou.

Quem pede demissão no Brasil?

O estudo traça um perfil sobre quem são as pessoas que estão rompendo os vínculos de trabalho. Os profissionais com mais anos de estudo apresentam níveis de demissão mais altos. Para se ter uma ideia, 48,2% dos desligamentos envolvendo pessoas com nível superior, incluindo de graduados a doutores, foram voluntárias, contra 25,4% no grupo com ensino fundamental incompleto.

Do total de rompimentos, os homens responderam por 57,3% dos pedidos, contra 42,7% de mulheres. Mas os números, segundo a pesquisa, mostram-se diferentes quando são analisados os desligamentos por gênero e escolaridade: 37,6% das mulheres com maior escolaridade contra 30,6% dos homens.

O levantamento da Firjan também destaca que os jovens são mais propensos à demissão voluntária: 38,5% entre o público de 18 a 24 anos, enquanto 23,5% entre a faixa entre 50 e 64 anos. Em relação aos estados, Sul e Centro-Oeste têm os maiores números, enquanto Nordeste registra os menores índices.

Já sobre no ranking de profissões, as ligadas à área de Tecnologia da Informação lideram, com seis das dez funções com mais desligamentos voluntários: engenheiro de Aplicativos em Computação, analista de Desenvolvimento de Sistemas, administrador em Segurança da Informação, programador de Sistema de Informação, Engenheiro de Sistemas Operacionais em Computação e gerente de Projetos de Tecnologia da Informação.

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, aponta que o Brasil já havia observado um alto número de demissões em outros momentos. No entanto, agora chama a atenção o movimento diante do número de desempregados: 10,1 milhões, segundo o último balanço do IBGE.

O recorde anterior de demissões havia sido registrado em maio de 2014, quando quase 2,7 milhões deixaram o trabalho, 29,1% dos desligamentos do período. À época, o país registrava uma taxa de desemprego de 7,1%, contra 9,3% do trimestre encerrado em junho deste ano.

A Firjan destaca que o fenômeno da Grande Renúncia traz novos desafios para as empresas na captação e retenção de talentos. “O aumento dos pedidos de demissão por iniciativa do trabalhador pode afetar o planejamento das empresas, que precisam não apenas repor uma vaga, mas também treinar um novo funcionário e aguardar que ele atinja toda a sua maturidade produtiva”, coloca o estudo.

Série histórica – Demissões voluntárias no país entre janeiro e maio

2005: 900 mil

2006: 1 milhão

2007: 1,1 milhão

2008: 1,5 milhão

2009: 1,4 milhão

2010: 1,9 milhão

2011: 2,4 milhões

2012: 2,6 milhões

2013: 2,7 milhões

2014: 2,7 milhões

2015: 2,3 milhões

2016: 1,4 milhão

2017: 1,3 milhão

2018: 1,4 milhão

2019: 1,6 milhão

2020: 1,4 milhão

2021: 2,1 milhões

2022: 2,9 milhões


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