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Economia

Cresce número de pessoas que espera se aposentar apenas com benefício do INSS, mostra pesquisa

Dados da Fenaprevi informam que 66% dos brasileiros não têm conhecimento do quanto vão receber quando, de fato, se aposentarem pelo INSS.

O número de pessoas que deposita todas as esperanças em viver apenas com o benefício do INSS está cada vez maior, tendo crescido de 31% para 42% em dois anos, de acordo com pesquisa inédita da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). E são as mulheres as que mais contam com a Previdência Social para a sobrevivência na velhice. A dificuldade de fazer sobrar dinheiro para poupar após pagar as contas é um dos principais motivos.

A produtora cultural Pilar Teixeira, de 30 anos, que vive em São Paulo, é um exemplo. Tendo a maior parte da sua trajetória profissional na informalidade, paga regularmente a contribuição à Previdência Social como microempreendedora individual para ter algum tipo de segurança, mas não poupa de outras maneiras. Ela até chegou a fazer um plano de previdência privada alguns anos atrás, mas resgatou o valor para quitar dívidas.

— Atualmente, trabalho como pessoa jurídica e recebo cerca de R$ 4 mil por mês. Eu sei que a contribuição que eu faço como MEI é muito pequena e que, no futuro, talvez eu consiga receber só um salário-mínimo — estima a produtora cultural.

Ao contrário de Pilar, 66% dos brasileiros não têm conhecimento do quanto vão receber quando, de fato, se aposentarem pelo INSS. O presidente da Fenaprevi, Edson Franco, diz que falta renda suficiente para investir no futuro. Também falta, continua, educação financeira aos brasileiros:

— Temos uma dificuldade de fazer que o brasileiro pense no futuro. Cerca de 23% não têm nenhuma meta de planejamento financeiro, a curto ou a longo prazo. Não há como pensar no futuro se vive em dificuldade financeira no presente. Encher a geladeira e pagar o aluguel é um pensamento mais concreto.

O levantamento ainda mostrou que mais da metade dos brasileiros deseja se aposentar até os 60 anos. O número cresceu entre 2021 e 2023, passando de 51% para 53%. Mas, quanto mais velho, mais claro fica que esse sonho é quase uma utopia.

Apesar de ter começado a trabalhar com 14 anos, o promotor de vendas Ronaldo Neves dos Santos, de 65 anos, que mora em Mateus Leme, em Minas Gerais, nem sempre contribuiu para a Previdência Social. Por isso, vai ter que se aposentar por idade. Sem nenhuma previdência privada, espera complementar a renda com valores do aluguel de um apartamento que possui.

— A partir do dia 1º de novembro, vou dar a entrada na minha aposentadoria. Espero receber aproximadamente o que ganho hoje onde trabalho — diz Santos.

O aluguel de imóveis foi apontado como fonte de renda após a aposentadoria por 14% dos entrevistados na pesquisa deste ano — o dobro dos que tinham esse plano em 2021. Também cresceu o número de pessoas que espera viver com valor da venda de bens ou negócios que possui atualmente, saltando de 5% para 12% no mesmo período.

Foco na vida

Embora o grupo de pessoas que contrata um seguro de vida venha crescendo, ainda há uma enorme lacuna de oportunidade, já que 72% dos brasileiros não contam com esse tipo de proteção. Para o presidente da Fenaprevi, Edson Franco, a população ainda não tem completa noção das finalidades desse produto, ao contrário de um seguro de carro, cuja a finalidade é mais disseminada.

Ao contrário do que se pensa, um seguro de vida não tem apenas por finalidade indenizar os sucessores na morte.

A Prudential do Brasil, por exemplo, lançou neste mês um produto com cobertura vitalícia para doenças graves, que pode ser adquirido por pessoas entre 14 e 70 anos e possibilita utilizar até 50% do capital segurado total contratado para morte em uma indenização em vida. O valor da cobertura pode chegar a R$ 5 milhões.

Na Porto Seguro, o Vida Presente inclui coberturas contra invalidez, doenças graves, perda da renda em casos de afastamento do trabalho por doenças, acidente, além de falecimento. O produto pode ser contratado por pessoas de 16 a 70 anos, que passam a ter acesso também aos benefícios da Porto Plus, portal de descontos dos clientes da seguradora, além do serviço de telemedicina 24h gratuitamente.

Planejamento para o futuro

Ricardo Lopes, sócio e head de Wealth Solutions da Monte Bravo, diz que os seguros podem ser importantes para o planejamento financeiro a longo prazo por evitarem uma descapitalização em caso de imprevistos. Ao invés de gastar toda a poupança em caso de uma doença grave, por exemplo, o segurado pode fazer uso da sua apólice.

Antes de poupar para a aposentadoria, porém, o recomendado é fazer uma reserva de emergência, ou seja, guardar dinheiro para fatalidades comuns ao dia a dia, como bater de carro, e organizar o orçamento, abrindo mão de gastos extravagantes agora para ter uma vida mais confortável na velhice.

— Às vezes, seu objetivo não se conecta com seu modo de vida atual. Disciplina é fundamental. Em geral, as pessoas têm os gastos e, quando sobra alguma coisa colocam na poupança, quando deveriam poupar primeiro e distribuir o restante em necessidades básicas e consumo — orienta Lopes.

O planejador financeiro Marlon Glaciano argumenta que o planejamento financeiro para a terceira idade é essencial, já que o sistema público previdenciário pode passar por mudanças no futuro, assim como a mais recente reforma, feita em 2019.

As estratégias, segundo ele, variam de acordo com o apetite ao risco e a capacidade de renda.

— Um fundo de previdência Plano Gerador de Benefício Livre pode ser positivo para quem faz declaração de Imposto de Renda no modelo completo por dar o benefício da dedução fiscal. Por outro lado, investir no exterior, fazendo a indexação pelo S&P 500 por exemplo, é interessante por aplicar em uma moeda forte — explica Glaciano.


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