Economia
Brasil tem 3º mês seguido de deflação no mês de setembro, com queda de 0,29%, diz IBGE
Mercado esperava queda de 0,34% na comparação mensal e alta de 7,10% na anual.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) —que mede a inflação oficial do país–, teve deflação pelo terceiro mês seguido em setembro, com queda de 0,29%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (11). Em agosto, o índice havia recuado 0,36% e, em julho, caído 0,68%.
No ano, a inflação acumulada é de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%.
O mercado esperava queda de 0,34% na comparação mensal e alta de 7,10% na anual, conforme pesquisa da Reuters.
O maior impacto negativo no índice geral veio do grupo dos transportes, que também registrou seu terceiro mês seguido de queda, com recuo de 1,98% em setembro.
“Os combustíveis e, principalmente, a gasolina têm um peso muito grande dentro do IPCA. Em julho, o efeito foi maior por conta da fixação da alíquota máxima de ICMS, mas, além disso, temos observado reduções no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras, o que tem contribuído para a continuidade da queda dos preços”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, em nota de divulgação.
Só a gasolina registrou em setembro queda de 8,33%, exercendo o impacto negativo mais intenso no índice. Também tiveram queda nos preços o etanol (-12,43%), o óleo diesel (-4,57%) e o gás veicular (-0,23%).
“O etanol, mesmo tendo um preço livre, acaba acompanhando a gasolina, pois é um produto substituto”, acrescenta Kislanov. No grupo, houve ainda o recuo nos preços das motocicletas (-0,08%), dos automóveis novos (-0,15%) e dos automóveis usados (-0,38%), que haviam subido em agosto.
O grupo alimentação e bebidas passou de alta de 0,24% em agosto para queda de 0,51% em setembro, puxado pela alimentação no domicílio (-0,86%).
“Os alimentos vinham apresentando crescimento desde o começo do ano, inclusive altas fortes em março (2,42%) e abril (2,06%). Essa queda de setembro é a primeira desde novembro de 2021 (-0,04%)”, diz Kislanov.
Com queda de 13,71% no mês, o leite longa vida foi o item que mais impactou o resultado do grupo alimentos, após uma trajetória de 12 meses de alta. O preço do leite vinha sendo impactado, sobretudo, pelo período de entressafra, a partir de março e abril, mas também por causa da guerra da Ucrânia, que aumentou muito o preço dos insumos agrícolas, explica o especialista.
“Agora, com o final do período de entressafra e a volta das chuvas, aumentou a oferta do produto no mercado, o que gerou uma queda nos preços.” Apesar da queda, o produto ainda tem alta de 36,93% no acumulado dos últimos 12 meses”, diz.
O IBGE destaca entre as quedas do grupo alimentação, ainda, o óleo de soja (-6,27%). “No caso do óleo de soja, a explicação vem da redução do preço da soja no mercado internacional, que está caindo desde o final de junho”, diz.
Preços em alta
No grupo alimentos, o maior aumento veio da cebola (11,22%). “O que está causando essa alta é o fato de a produção do Nordeste estar aquém do esperado, aliada a uma redução da área de plantio. Nos últimos 12 meses, a cebola subiu mais de 120%”, destaca o gerente da pesquisa.
Outro grupo em alta foi o de vestuário (1,77%), assim como já havia acontecido em agosto (1,69%). Todos os itens tiveram alta em setembro, com destaque para as roupas femininas (2,03%), que contribuíram com 0,03 p.p. O movimento, segundo Kislanov, pode estar relacionado a uma demanda reprimida no pós-pandemia. “Enquanto vários produtos tiveram uma alta de preços significativa na pandemia, o vestuário não, então, também tem uma base de comparação mais baixa”.
A alta do grupo despesas pessoais (0,95%) foi puxada pelo aumento dos serviços bancários (1,56%). Além disso, serviços ligados ao turismo, como hospedagem (2,88%) e pacote turístico (2,30%) também subiram. “Essas altas também são explicadas por esse contexto de retomada dos serviços após a pandemia”, explica o gerente.
Outro destaque foi o grupo habitação, que acelerou na passagem de agosto (0,10%) para setembro (0,60%), especialmente por conta da energia elétrica residencial, que subiu 0,78%, após a queda de 1,27% observada no mês anterior. O aumento é efeito do reajuste tarifário observado em Vitória e Belém, diz Kislanov.
Regiões
Uma das 16 áreas pesquisadas teve variação positiva em setembro.
A alta em Vitória (0,17%) foi puxada pelas variações da taxa de água e esgoto (13,01%) e da energia elétrica residencial (4,95%). O menor resultado ocorreu na região metropolitana de Fortaleza (-0,65%), principalmente por conta da queda de 11,05% nos preços da gasolina, diz o instituto.
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