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Economia

Brasil é prioridade para países que investem em biodiversidade, aponta Bloomberg

A Bloomberg quantificou a presença de diversidade, o valor dos serviços ecossistêmicos e as ameaças que a biodiversidade sofre nos países.

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Visão aérea do Lago do Piranha, no Amazonas. (Foto: Michael Dantas)

O Brasil está no topo da lista de prioridades de financiamento em biodiversidade, segundo levantamento feito pela BloombergNEF, organização de pesquisas sobre transição energética do grupo.

O dado será divulgado nesta quarta-feira (13) a investidores em evento organizado pela Bloomberg em São Paulo, com outros gráficos que mostram a importância do país no setor.

Para elencar os níveis de prioridades de cada país, a Bloomberg quantificou a presença de diversidade, o valor dos serviços ecossistêmicos e as ameaças que a biodiversidade sofre nos países.

O resultado é uma média ponderada desses fatores. Nesse caso, o Brasil aparece em primeiro, seguido por China e Indonésia.

Com base nessa pesquisa, a Bloomberg constata que uma parcela significativa do US$ 1 trilhão (R$ 4,97 trilhões) em financiamento global anual deve ser direcionada para medidas de preservação dos ativos naturais do Brasil, como a amazônia e a mata atlântica.

De acordo com o CEO da BNEF (sigla para Bloomberg NEF), Jon Moore, essa aliás será uma das áreas que o Brasil precisará focar nos próximos anos, principalmente na venda de créditos de carbono.

O projeto de lei que regulamenta o mercado de carbono no Brasil foi aprovado pela Câmara dos Deputados no final do ano passado, mas ainda precisa ser avaliado pelos senadores.

Por outro lado, o Brasil é um dos países que mais vendem créditos de carbono no mercado voluntário —em que empresas compram créditos para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.

A intenção é que, quando um mercado de carbono internacional for criado, o Brasil possa arrecadar bilhões com as vendas para outros países —que utilizarão esses créditos para cumprir seus objetivos de reduções de emissões.

Para avançar, porém, o Brasil, na visão de Moore, precisa aprovar sua regulação.

“Isso precisa acontecer. Sem objetivos claros e apoio político, essas coisas serão desaceleradas, certamente. Então, parece que essa é a coisa mais importante, conseguir um bom modelo de política que seja coerente em diferentes áreas e que dê apoio claro para ajudar as pessoas a investir. Muitas das questões econômicas falam por si só, mas você ainda precisa de políticas e regulamentos para entregar isso”, disse à Folha.

“Obviamente, quanto mais cedo, melhor, mas é melhor fazer isso bem e certo do que se apressar”, afirma.

Estão ainda em fase de discussão no Congresso os projetos de lei que regulam a produção de combustíveis verdes no país e a criação de grandes fazendas de turbinas eólicas no mar —o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), por exemplo, está esperando a aprovação desta última matéria para avaliar um pedido da Petrobras para instalar aerogeradores com potência de 23 GW (gigawatts) na costa brasileira.

Além disso, a BNEF calcula que o hidrogênio verde (ainda incipiente no mundo) produzido no Brasil pode ser o mais barato do mundo.

O material que será entregue a investidores nesta quarta também aponta o Brasil como o sexto país que mais recebeu investimentos em transição energética no mundo em 2023, com US$ 34 bilhões.

Apesar da boa colocação, o país está bem atrás de China e Estados Unidos, que arrecadaram US$ 676 bilhões e US$ 303 bilhões, respectivamente.

As áreas que mais atraíram investimentos, segundo a Bloomberg, foram energias renováveis e rede elétrica.

O Brasil, de acordo com esses dados, foi o terceiro país que mais adicionou energia solar à sua rede —atrás apenas de China e EUA. Nesse setor, o país atraiu US$ 17,2 bilhões, mais do que a metade do total de investimentos em energia limpa em toda a América Latina.

O relatório feito pela BNEF diz que a organização espera que essa tendência continue e que a energia solar ultrapasse a hidráulica como a maior fonte de capacidade de geração de energia no país até ao final da década.

“A energia limpa é claramente uma grande força para o Brasil, mas nossa sensação é de que há lugares onde o Brasil precisa investir. E realmente poderia começar a mover as coisas em várias áreas, incluindo veículos elétricos, que são tecnologias bastante maduras. Mas também em hidrogênio e captura e sequestro de carbono”, afirma Moore.

Ele pontua que o Brasil precisa focar as áreas em que pretende investir no contexto da transição energética. Duas delas, além de biodiversidade, seria a produção de SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação) a partir de etanol e a de biofertilizantes.

“Ter o ambiente político correto e metas e objetivos é extremamente importante. Então, o dinheiro flui para onde há clareza real em torno dos objetivos e onde há bom suporte político”, diz.


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