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Economia

Bolsonaro ameaça demitir presidente do Banco do Brasil por apresentar plano de enxugamento

O BB informou ter aprovado um conjunto de medidas que diminuem sua estrutura organizacional, com fechamento de pontos de atendimento e demissões de cerca de 5 mil funcionários.

O anúncio de um plano de demissão voluntária do Banco do Brasil desencadeou um processo de fritura do presidente da instituição, André Brandão, e auxiliares no Palácio do Planalto afirmam que o executivo pode ser demitido por decisão do presidente Jair Bolsonaro. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Caso a demissão seja confirmada, Brandão sairá do comando do banco menos de quatro meses após sua posse.

O ministro Paulo Guedes (Economia) considera o executivo preparado para ocupar o cargo e trabalhava nesta quarta-feira (13) para acalmar Bolsonaro e evitar a demissão. Segundo um auxiliar, Guedes concorda com a essência do plano de ajuste apresentado pelo banco.

Membros da equipe econômica relataram à Folha que o anúncio da reestruturação do banco, que inclui demissões de funcionários, foi a causa da fúria no Palácio do Planalto.

Na segunda-feira (11), o Banco do Brasil informou ter aprovado um conjunto de medidas que diminuem sua estrutura organizacional, com fechamento de pontos de atendimento. Serão encerradas 361 unidades, sendo 112 agências.

Também foram criadas pelo banco duas modalidades de desligamento incentivado voluntário aos funcionários. O Programa de Adequação de Quadros, para redistribuir força de trabalho, e o Programa de Desligamento Extraordinário, disponível a todos os funcionários do BB que atenderem a pré-requisitos.

A estimativa do BB é que cerca de 5 mil funcionários façam adesão aos dois programas.

De acordo com uma fonte do Ministério da Economia, o programa é tecnicamente impecável e promove redução de custos para o banco. No entanto, o momento para a adoção da medida foi considerado desastroso, um erro político.

O argumento é que o país passa por uma situação muito complicada na área de emprego, ainda sem sinais de arrefecimento da pandemia do novo coronavírus. Por isso, o anúncio do BB foi visto como um sinal de falta de sensibilidade do presidente André Brandão.

Membros do Ministério da Economia afirmam ainda que informações sobre o Banco do Brasil geram apelo no Congresso e, por isso, o programa de demissões pode ser jogado contra o governo nas negociações para a eleição da cúpula do Legislativo.

O momento escolhido para a divulgação do plano também foi visto como outro sinal que trouxe danos para a imagem do governo.

No mesmo dia, a Ford anunciou que fechará todas as suas unidades fabris no Brasil, o que deve ter impacto direto sobre 5 mil empregos.

Na equipe econômica, há ainda uma tensão relacionada à busca por um novo nome para comandar o BB caso Brandão seja demitido. Além da dificuldade de encontrar um executivo com condições de assumir o posto, há um temor sobre possíveis indicações políticas. Membros da pasta não aceitam, por exemplo, que seja empossado algum nome sem preparo eventualmente indicado pelo centrão, grupo de partidos de centro que se aproximou do governo.

Os grandes bancos sofreram impacto da pandemia do novo coronavírus e vêm fazendo ajustes no período. Durante a crise sanitária, instituições encerraram atividades de agências pelo país, reduzindo o atendimento presencial.

Para especialistas, a pandemia acelerou o processo —que já vinha ocorrendo— de enxugamento de estrutura das organizações e de investimento na digitalização de serviços.

O setor ainda não conseguiu se levantar totalmente do tombo provocado pela crise sanitária. O valor de mercado de uma parcela dos bancos de grande porte em atuação no país segue abaixo do patamar pré-pandemia.

A ação do Banco do Brasil na Bolsa de São Paulo, por exemplo, que estava em torno de R$ 50 em fevereiro de 2020, fechou nesta quarta-feira (13) a R$ 37,55, com queda de 4,93% no dia após a divulgação da possível demissão de André Brandão.

Em episódio recente de irritação de Bolsonaro com a equipe econômica, Guedes conseguiu salvar da demissão seu subordinado Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda. Em setembro, o presidente ficou incomodado com afirmações do secretário de que o governo poderia congelar aposentadorias.

Na ocasião, Guedes levou Waldery ao Palácio do Planalto para se explicar ao presidente. Ele foi proibido de dar novas entrevistas sobre o assunto e acabou permanecendo no cargo.


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