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Economia

Alimentos subiram até 166% em um ano, segundo IPCA; veja como substituir alguns itens

Na inflação acumulada dos últimos doze meses, os alimentos que mais subiram foram a cenoura, no primeiro lugar da tabela.

Cenoura está em primeiro lugar com alta de preços em 166,17%. (Foto:Reprodução)

Faltando cerca de uma semana para a Páscoa, os brasileiros terão que adequar o cardápio da celebração às mudanças nos preços dos alimentos. Na última sexta-feira (8), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país – foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e teve uma aceleração de 1,62% em março, a maior variação para o mês desde 1994. O acumulado de 12 meses fechou em 11,62%.

A CNN fez um levantamento com base na inflação acumulada dos últimos doze meses e constatou que os alimentos que mais subiram foram a cenoura, no primeiro lugar da tabela com uma alta de 166,17% e, em seguida, vem o tomate, com 94,55%. Em terceiro, o pimentão (80,44%). Outros itens que também ganham destaque são: a batata-inglesa (27,15%), a couve (24,96%) e a cebola (13,84%). Todos esses itens compõe o almoço de Páscoa dos brasileiros.

Para aliviar o bolso dos consumidores, a nutricionista Lara Natacci mencionou alguns alimentos que podem substituir os itens que tiveram os preços elevados por conta da inflação.

“A cenoura pode ser substituída pela abóbora. O preço dela está mais interessante e ela tem os mesmos nutrientes, vitaminas e até alguns antioxidantes. Já o tomate, se pensarmos na quantidade de vitaminas e nas fibras, podemos substituir pelo pepino. O pimentão nós podemos trocar pela berinjela ou a abobrinha, se refletirmos nas fibras e nutrientes. A couve pode ser substituída por outra folha verde, como o espinafre e a escarola, que tem mais ou menos os mesmos valores tradicionais”, explica Lara.

Ainda segundo a especialista, “a batata-inglesa, não muda tanto. Ela pode ser trocada pela batata-doce ou mandioca. Como ela é um tubérculo, tem fonte de carboidrato, principalmente na casca. Já no lugar da cebola, é um pouco mais difícil. O alho está um pouco mais barato, então se for para refogar, diria que seria possível utilizá-lo no lugar dela ou não usar esses alimentos no tempero. A solução é fugir da cebola branca e tentar uma versão mais barata, como a chalota, roxa ou a amarela”.

O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz também traz outras soluções para o próximo feriado. Segundo ele, como este ano já é possível ter encontros presenciais, os familiares podem separar as funções na cozinha e cada um ficar responsável por um tipo de comida.

“O ano de 2020 e 2021 a Páscoa era muito restrita no núcleo familiar, o que obrigava a cada família ter uma despesa sozinha para fazer um almoço especial. Agora, com a flexibilização, as famílias podem se juntar e cada um leva um prato. Assim, se cada um dividir, é possível fazer um almoço solidário onde todos vão entrar com pouco e não vai faltar para ninguém”, ressalta Braz.

Em entrevista à CNN nesta sexta-feira, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória., afirmou que o IPCA foi maior do que o esperado. Ela avalia que não é comum uma alta generalizada em tantos alimentos ao mesmo tempo, mas uma conjuntura de fatores internos e externos levou à situação atual.

“Tivemos uma conjunção de fatores no campo da alimentação. Em geral, não é comum vermos tantos itens subindo ao mesmo tempo, as safras de alimentos são variadas em várias regiões do Brasil. Algumas são importadas. Mas a seca no sul, chuvas no Sudeste e Nordeste, tudo isso impactou várias safras simultaneamente”, declarou.

O IPCA também mostrou que, nos últimos 12 meses, a inflação foi maior para alimentação em domicílio (13,73%) do que fora do lar (6,22%). De acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, embora o movimento tenha melhorado bastante nos últimos meses, o setor ainda enfrenta problemas com as contas desde o início da pandemia.

“A inflação foi dura com os bares e restaurantes. Nós fizemos uma pesquisa em março e 38% das empresas fecharam o mês de fevereiro no vermelho. Mesmo assim, estamos segurando o repasse de custos no cardápio para não perder os clientes. Agora estamos tendo um movimento muito bom, e, para a Páscoa, é necessário que faça reserva nos restaurantes por conta da demanda. Mas as dívidas que acumulamos na pandemia não são possíveis de serem pagas sem ajuda do governo”, pontua.

À CNN, Solmucci destaca que tiveram que fechar as portas para o bem da sociedade, mas afirma que já planeja, com o governo, uma solução para os empresários donos deste setor.


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