Brasil
Veja os golpes de Pix mais comuns por faixa etária e classe social e saiba como evitar
Prejuízo de pessoas com mais de 60 anos é quatro vezes maiores do que o registrado entre jovens de 18 a 24 anos.
Nos últimos 12 meses, os brasileiros perderam R$ 25,5 bilhões em golpes envolvendo Pix e boletos falsos, aponta uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No caso específico do meio de pagamento instantâneo, as maiores vítimas das fraudes são os idosos. De acordo com outro levantamento feito pela Silverguard — empresa especializada em proteção financeira digital —, o prejuízo de pessoas com mais de 60 anos é quatro vezes maiores do que o registrado entre jovens de 18 a 24 anos.
Para ajudar os leitores de quaisquer faixas etárias a evitarem prejuízos, o EXTRA publica abaixo um apanhado sobre os maiores golpes do Pix aplicados no Brasil, além de dicas de como se proteger. Confira abaixo.
Valores e meios de comunicação
O estudo da Silverguard — que analisou cinco mil denúncias registradas na plataforma Central SOS Golpe e utilizou dados do Banco Central (via Lei de Acesso à Informação) — indicou que o prejuízo médio das vítimas é de R$ 2.100, valor que corresponde a 1,5 vezes o salário mínimo. No entanto esse valor varia de acordo com a classe social: entre as vítimas das classes AB, o prejuízo médio é de R$ 6.100; na classe C, de R$ 3.500; e na classe DE, R$ 1.500.
O levantamento também identificou os principais canais de contato com os golpistas. Para as vítimas mais velhas, os golpes chegam principalmente por aplicativos de mensagem, enquanto as vítimas mais jovens são alvo através das redes sociais.
Entre os golpes mais comuns envolvendo Pix, estão: a compra de produtos ou serviços em lojas ou perfis falsos (45% dos casos), falsas oportunidades de multiplicação de dinheiro ou investimentos (15%) e impostores pedindo dinheiro emprestado (10%). Contudo, os golpes variam conforme a idade e a classe social da vítima.
Golpes mais comuns por faixa etária
Menos de 18 anos: compra de produtos ou serviços de lojas/perfis falsos (58%); falsa oportunidade de multiplicação de dinheiro/investimentos (21%); e compra de produtos de pessoas com redes sociais hackeadas (7,5%).
De 18 a 29 anos: compra de produtos ou serviços de lojas/perfis falsos (52%); falsa oportunidade de multiplicação de dinheiro/investimentos (16,5%); e falsa oportunidade de emprego e renda (6%).
De 30 a 39 anos: compra de produtos ou serviços de lojas/perfis falsos (42%); falsa oportunidade de multiplicação de dinheiro/investimentos (16%); e falsa oportunidade de emprego e renda (10%).
De 40 a 49 anos: compra de produtos ou serviços de lojas/perfis falsos (41%); falsa oportunidade de multiplicação de dinheiro/investimentos (13%); e impostor pedindo dinheiro emprestado ou ajuda (11%).
De 50 a 59 anos: compra de produtos ou serviços de lojas/perfis falsos (35%); impostor pedindo dinheiro emprestado ou ajuda (27%); e golpe da falsa central de atendimento do banco (8%).
Mais de 60 anos: impostor pedindo dinheiro emprestado ou ajuda (48%); compra de produtos ou serviços de lojas/perfis falsos (18%); e golpe da falsa central de atendimento do banco (7%).
Golpes por classe social
Classe AB: o prejuízo médio com o golpe de multiplicação de dinheiro ou investimento falso é de R$ 28.700; com empréstimo falso, de R$ 23.600; e com pedido de cirurgia/tratamento para um conhecido, de R$ 12.900.
Classe C: o prejuízo médio com o golpe de falso emprego ou renda extra é de R$ 9.800; com multiplicação de dinheiro/investimento falso, de R$ 9.600; e com pagamento para receber saldo/dinheiro indevido, de R$ 6.700.
Classe DE: o prejuízo médio com o golpe de falso emprego ou renda extra é de R$ 3.200; com impostor pedindo dinheiro ou ajuda, de R$ 2.200; e com multiplicação de dinheiro/investimento falso, de R$ 2.000.
12 tipos de golpes mais comuns
Golpe do 0800
As quadrilhas entram em contato com as vítimas via SMS ou aplicativo de mensagem avisando sobre uma transação suspeita de valor alto no cartão de crédito. Para contestar a operação, eles orientam que a pessoa entre em contato com a central de atendimento que aparece com um número 0800, o que passa à vítima alguma sensação de credibilidade.
Além disso, em algumas variações do golpe, também fazem ligações telefônicas usando as chamadas Unidades de Resposta Audível (URAs), tecnologia usada por call centers e que, na mão dos criminosos, permite criar uma falsa central de atendimento. Com o recurso, uma voz automatizada convence as vítimas de que se trata de uma central legítima.
Na ligação, o golpista diz que a transação está em análise e que, por isso, ainda não aparece na fatura, solicita informações confidenciais, como senhas e números de cartões, e até induz a pessoa a realizar transações financeiras para regularizar o problema, geralmente via Pix. Outro artifício usado pelos golpistas é afirmar que as milhas ou os pontos do cartão do cliente estão vencendo, e pedem para que ele ligue para a falsa central para não perder a vantagem.
Golpe da tarefa (ou da renda extra)
Os criminosos fazem uma proposta falsa de emprego ou renda extra, geralmente com a possibilidade de remuneração por curtidas em fotos de redes sociais ou avaliando produtos em sites de grandes e conhecidas varejistas. Em alguns casos, os golpistas oferecem remuneração de até R$ 300 por um determinado número de avaliações. A modalidade se reinventa com frequência, e, em alguns casos, conta até com anúncios nas redes sociais e “parcerias” com influenciadores digitais.
O golpe tira dinheiro das vítimas ao cobrar valores numa espécie de “depósito” via Pix para o acesso a um suposto aplicativo para avaliações ou curtidas. Os criminosos asseguram devolver o valor quando a pessoa já estiver atuando no sistema, e até prometem produtos grátis nas lojas citadas, mas, após o pagamento, a vítima não recebe qualquer link ou consegue acessar uma plataforma, e o valor é perdido.
Golpe da clonagem de WhatsApp
O fraudador entra em contato solicitando um código, que já foi enviado para a vítima. Com a desculpa de que se trata de uma atualização ou confirmação do cadastro, o criminoso obtém o código de segurança do WhatsApp e consegue replicar a conta do aplicativo em outro celular. Com esse acesso, o golpista envia mensagens para os contatos da pessoa e pede dinheiro emprestado via Pix.
Golpe de engenharia social com WhatsApp
O criminoso escolhe uma vítima, pega sua foto em redes sociais e, de alguma forma, consegue descobrir números de celulares de contatos da pessoa. Com um novo número de celular, manda mensagem para amigos e familiares da vítima, alegando que teve de trocar de número devido a algum problema. A partir daí, pede uma transferência via Pix, dizendo estar em alguma situação de emergência.
Golpe do acesso remoto (mão fantasma)
Chamado oficialmente pelos especialistas de Remote Access Trojan (RATs), esse golpe consiste na instalação de um programa malicioso no celular da vítima, que perde o controle do aparelho. Usando como disfarce prefixos telefônicos geralmente utilizados pelos bancos — como 4003 ou 4004 —, as quadrilhas mandam mensagens para as potenciais vítimas se passando pelos bancos.
No SMS ou no app de mensagens, dizem que uma suposta compra foi realizada, geralmente em valores altos, e indicam um telefone. Na ligação, o suposto atendente indica que, para questionar a compra, a vítima precisa baixar um aplicativo, a partir de um link ditado por ele. Quando a plataforma-espiã é instalada, os criminosos têm acesso ao aparelho, e conseguem acessar desde o e-mail da vítima até login nas redes sociais e aplicativos bancários.
Golpe do atendimento bancário falso
A vítima recebe uma ligação ou uma mensagem de um suposto “funcionário” do banco. O fraudador, então, oferece ajuda para fazer o cadastro da chave Pix ou diz que precisa fazer um teste para “regularizar” os dados. Com os dados em mãos, a quadrilha tem acesso ao extrato bancário e começa a dizer as últimas operações da conta para ganhar confiança. Depois, cita transferências inexistentes e, com o pretexto de regularizar a conta, pede para que as operações sejam refeitas para o mesmo destinatário, para cancelar ou estornar as operações.
Golpe da falha do Pix
Criminosos enviam mensagens ou disseminam nas redes sociais a informação falsa de que existem chaves aleatórias do Pix que estão com “uma falha no sistema”. Criminosos publicam nas redes sociais informações sobre um suposto bug em determinado banco ou serviço bancário. O falso informe diz que o sistema da instituição está realizando uma espécie de bonificação, devolvendo ao correntista um valor maior do que foi depositado.
Para dar “credibilidade” ao golpe, os criminosos usam vídeos e capturas de telas que mostram a transação sendo realizada. Nessa modalidade, a vítima é atraída pelo interesse em ganhar dinheiro fácil e acaba transferindo valores para contas de criminosos, acreditando que o dinheiro será devolvido em dobro.
Golpe do QR Code falso
Uma ferramenta é usada por criminosos para atualizar códigos de barras e permitir o pagamento on-line pela vítima. A tecnologia edita o QR Code do Pix e o código de barras e direciona os pagamentos para contas-laranjas.
Golpe do Pix por engano
Nessa modalidade, os fraudadores primeiro fazem uma transferência para a conta da potencial vítima. Como parte das chaves é um número de telefone celular, não é difícil para o golpista conseguir um número telefônico e realizar a transação. Logo em seguida à transferência, o golpista entra em contato com a pessoa pelo número de telefone, seja ligação ou mensagem de WhatsApp, e tenta convencer a vítima de que fez a transferência por engano e pede que o valor seja devolvido.
Na tentativa de convencimento, está uma das chaves para o golpe dar certo: a pessoa mal-intencionada pede a devolução em uma conta distinta da que fez a transferência inicial.
O prejuízo acontece porque, em paralelo ao trabalho de convencer a vítima, o golpista se utiliza de um mecanismo criado justamente para coibir golpes, o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que facilita as devoluções em caso de fraudes, aumentando as possibilidades de a vítima reaver os recursos. Os criminosos acionam o procedimento, alegando que foram enganados pela pessoa que, na verdade, é a vítima.
A transação alegada é analisada. Mas quando os bancos envolvidos nas transferências percebem que a vítima verdadeira recebeu o valor e logo em seguida transferiu para uma terceira conta, entendem essa triangulação como típica de um golpe, e tira do saldo da vítima o valor do golpe. Desta forma, o golpista que já tinha recebido o dinheiro de volta voluntariamente consegue mais uma devolução, em prejuízo da vítima.
Golpe do falso leilão
Golpistas criam sites falsos de leilão, muitas vezes clonando sites de leiloeiras verdadeiras ou utilizando sites com referência a órgãos públicos (Detran, Tribunais de Justiça, Receita Federal etc.), e anunciam todo tipo de produto por preços bem abaixo do mercado. Depois pedem transferências, depósitos e até dinheiro via Pix para assegurar a compra. Geralmente, apelam para a urgência em fechar o negócio, dizendo que você pode perder os descontos, mas nunca entregam as mercadorias.
Golpe do dinheiro fácil
Por meio das redes sociais e até de anúncios pagos em buscadores da internet, golpistas postam ofertas tentadoras de supostos pagamentos via Pix sorteios e falsas promessas de retorno de um valor até dez vezes superior que a quantia que precisa ser investida. A oferta de dinheiro fácil atrai muitas vítimas, que perdem todo o recurso investido.
Golpe do sistema ‘Valores a Receber’
Quadrilhas embarcam até em programas do governo para fazer vítimas. O sistema “Valores a Receber”, do Banco Central, e até o sistema Gov.br já foram alvos, com golpistas entrando em contato com as vítimas e enviando links falsos com o nome da iniciativa. Eles argumentam que existe um valor esquecido a ser retirado e que, para a transação ser efetuada, é necessário o pagamento da “taxa de saque” via Pix ou cartão de crédito.
Caí no golpe. E agora?
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) orienta que o consumidor sempre deve suspeitar quando recebe uma mensagem de algum contato dizendo estar em alguma situação de emergência.
Se alguma transferência foi realizada, o caminho é solicitar o Mecanismo Especial de Devolução do Pix (MED) via telefone ou aplicativo do banco que realizou a operação.
Veja dicas de como se proteger
– Nunca realize ligações para números de telefone (0800) recebidos por SMS ou outras mensagens. Ligue sempre para o número da central de atendimento do seu banco ou para seu gerente.
– Os bancos ligam para os clientes para confirmar transações suspeitas, mas nunca pedem dados como senhas, token e outros dados pessoais nestas ligações. Também nunca pedem aos clientes que façam transferências ou Pix ou qualquer tipo de pagamento.
– Sempre pesquise sobre a empresa de leilões em sites de reclamação e confira o CNPJ do leiloeiro. Nunca faça transações em sites que não tenham o cadeado de segurança no navegador nem transferências para contas de pessoas físicas.
– O banco nunca liga para o cliente nem manda mensagens ou e-mails pedindo para que ele instale algum tipo de aplicativo em seu celular para supostamente regularizar um problema na conta.
– Ao receber uma mensagem de algum contato com um número novo, é preciso certificar-se que a pessoa realmente mudou seu número de telefone. Não faça o Pix ou qualquer tipo de transferência até falar com a pessoa que está solicitando o dinheiro.
– Desconfie sempre de propostas de trabalho que precisem pagar ou com promessas de vantagens exageradas.
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