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Brasil

Veja as siderúrgicas brasileiras que mais serão afetadas com o ‘tarifaço’ de Trump sobre o aço

ArcelorMittal e Ternium serão as mais impactadas; Gerdau, que tem unidades nos EUA, vai sentir menos. Preço do metal tende a subir no mercado americano.

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As siderúrgicas brasileiras ArcelorMittal e Ternium, que exportam placas de aço para os EUA, serão as mais afetadas pela imposição da tarifa de 25% pelo governo Trump sobre importações americanas de aço e alumínio, que entraram em vigor nesta quarta-feira,12/3.

Empresas como Usiminas e CSN, que exportam cerca de 1% e 4% de sua produção local para os EUA, serão impactadas marginalmente pela medida, segundo analistas.

Já a Gerdau tende a ser beneficiada, já que possui unidades em território americano, de onde vêm cerca de 40% de seu faturamento.

Ainda há dúvidas, no entanto, se a sobretaxa poderá ser amenizada em razão de negociações entre os governos de Brasil e EUA. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para o país.

Sistema de cotas no passado

Os analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi, do BTG Pactual, lembram que, em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump, foi implementada a seção 232, com imposição de tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, sob o argumento de segurança nacional.

No entanto, vários países conseguiram garantir isenções na época, como o Canadá e México, que têm acordo de livre comércio com os EUA. Outros, como Brasil, Austrália, Coreia do Sul, Argentina e alguns da União Europeia, negociaram para implementar um sistema de cotas, em substituição às tarifas.

“A primeira reação é esperar que preço do aço e o alumínio suba nos EUA, no curto prazo, devido a uma potencial escassez de abastecimento regional ou interrupções na cadeia de abastecimento”, escreveram os analistas do BTG em relatório a clientes no mês passado, antes do anúncio oficial da medida.

Mas eles alertam que a oferta global de aço é normalmente redirecionada de uma região para outra, o que significa que os preços globais podem não reagir.

“A Gerdau é normalmente vista como uma das principais beneficiárias neste contexto. No entanto, alertamos os investidores que ainda não sabemos por quanto tempo essas tarifas permanecerão e os fundamentos do aço nos EUA ficarão pressionados no curto prazo”, disseram os analistas, lembrando que a indústria brasileira está funcionando com cerca de 73% de sua capacidade.

Gerdau deve ter aumento de receita

Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores, diz que empresas que têm sua produção de aço no Estados Unidos, como a Gerdau, deverão aumentar sua receita por lá com aumento de preços do produto.

— O preço doméstico do produto com as alíquotas de importação mais altas vai subir. A participação do aço brasileiro é importante no mercado americano. Já as exportadoras tendem a ver sua rentabilidade diminuir com as tarifas — diz Silveira, lembrando que o aço brasileiro perderá competitividade no mercado americano.

Ele lembra que quando houve aumento de tarifas do suco de laranja brasileiro nos EUA, para privilegiar a produção dos plantadores da Flórida, em 2011, (a taxa atual é de US$ 415 por tonelada), muitos produtores brasileiros redirecionaram a plantação para os EUA. Mas com aço é diferente.

— O investimento numa usina é bilionário pela natureza da atividade, que tem muito valor agregado — explica.

Efeito sobre indústria automotiva

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, avalia que pode haver impactos para a indústria automotiva nacional, com menor volume de produção nacional.

Tiago Feitosa, CEO da T2 Educação, instituição que prepara analistas do mercado financeiro, diz que como o aço é matéria-prima de diferentes produtos, de carros a eletrodomésticos, o aumento do preço do produto terá efeito inflacionário.

— Inevitavelmente esse aumento de preços vai ser repassado para o consumidor americano em forma de inflação. Para as companhias brasileiras que exportam aço para os EUA, haverá redução das vendas — diz ele, que não acredita em freio nos investimentos que as siderúrgicas vêm fazendo, já que podem direcionar sua produção para outros países.


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