Brasil
Short friday, auxílio-farmácia e mentoria: pesquisa revela o que faz trabalhadores felizes no Brasil
Impacto das práticas de engajamento dos RHs em satisfação profissional varia de acordo com nível hierárquico na empresa

Foto: Reprodução/Agência Brasília
Folga de aniversário, plano de carreira, benefício de reprodução assistida, participação nos lucros: o que deixa os brasileiros mais felizes no trabalho? Este foi o questionamento feito pelo Índice Engaja S/A, que ouviu na edição deste ano mais de dois mil trabalhadores sobre as 40 práticas de engajamento mais comuns em organizações. Não há, no entanto, uma única resposta.
— A “Política de RH” é um documento que apresenta as regras do jogo no que diz respeito ao processo de gestão de pessoas. Quando bem escrita e compartilhada internamente, pode ser uma vantagem para retenção dos talentos e, ao se tornar conhecida no mercado, funciona como fonte de atração. Para muitos, este pacote é considerado um salário indireto — diz Cesar Lessa, docente da Estácio e especialista em Recursos Humanos.
Os benefícios corporativos fazem parte deste conjunto. E selecioná-los é um grande desafio de criatividade para as empresas. Especialmente porque públicos diferentes não têm as mesmas necessidades. O EXTRA traz, abaixo, dados de como a satisfação profissional pode ser impactada em cada nível hierárquico.
Uma das estratégias para lidar com a diversidade é a adoção do portfólio flexível de benefícios.
— Isso permite ao colaborador escolher os benefícios mais aderentes à sua realidade. Essa tendência tem se tornado comum, por meio de plataformas de benefícios flexíveis, em que cada um tem um crédito mensal para distribuir entre diferentes categorias: saúde, educação, mobilidade, entre outros — diz Isadora Gabriel, diretora de RH da Flash, plataforma de gestão da jornada de trabalho.
Nem sempre, porém, a resposta para melhorar o clima organizacional está no quesito financeiro.
Os colaboradores da base, por exemplo, costumam valorizar muito as práticas ligadas à qualidade de vida e ao bem-estar imediato, como a folga de aniversário ou a chamada “short friday” (jornada de trabalho mais curta na sexta-feira), exemplifica Isadora Gabriel, analisando a pesquisa:
— Isso porque, muitas vezes, eles têm menos autonomia sobre o tempo e uma rotina mais rígida.
A média gerência, lembra ela, vive um momento de transição: saiu da operação, mas ainda não está no topo.
— Por isso, busca clareza sobre o futuro, com um plano de carreira, e reconhecimento, com a celebração de conquistas. O auxílio farmácia também mostra a importância do cuidado com a saúde para eles, assim como a estabilidade. Essas prioridades vêm do desejo por desenvolvimento, visibilidade e apoio da empresa — diz.
Executivos, por sua vez, geralmente têm outra ótica: priorizam benefícios que estejam alinhados à sua jornada de alta responsabilidade, como os programas de mentoria.
— Essa diferença na valorização dos benefícios por nível hierárquico é esperada e reflete não apenas a posição na empresa, mas também o momento de vida e as prioridades de cada grupo. O grande desafio, e também a grande oportunidade para o RH estratégico, está em oferecer um portfólio de benefícios que seja flexível, diverso e equitativo, reconhecendo as necessidades reais de cada público — aponta.
Cesar Lessa acrescenta que essas práticas e esses benefícios podem ser um gesto de expressão daquilo que o colaborador representa para a empresa — algo cada vez mais importante para a competitividade no mercado e os bons resultados dos negócios:
— Envolve conhecimento de mercado, identificação das necessidades e ousadia para pensar fora da caixa. E faz com que o sujeito perceba que aquele ambiente oferece condições de reciprocidade que o torna diferente e interessante para pertencer.
‘(A sexta-feira) é um dia que meu filho já espera’
Maria Luiza Fortes, especialista de Inovação na Kimberly-Clark
Eu tenho um filho de 7 anos e a short friday (sexta-feira curta) permite que eu viva momentos com ele durante a semana — o que é difícil para quem está no mundo corporativo. Para desfrutar, preciso organizar minhas entregas semanais. Mas é um benefício respeitado e que demonstra o cuidado da empresa com meu bem-estar. Nesse dia,eu o pego mais cedo na escola, e fazemos o que ele quiser, como tomar picolé, ir ao cinema… É um dia que ele já espera.
‘O céu é o limite para mim’
Raiza Ferraz, gerente de Estratégia e Transformação da PepsiCo Brasil
Entrei na empresa em 2015 numa área técnica, como estagiária, e lidero hoje o PepsiCo Labs, que é nosso hub de inovação aberta. A minha amplitude de interesses nunca foi vista como instabilidade aqui, mas sim como potencial. A gente faz na empresa uma conversa anual de desenvolvimento, para levar os nossos desejos e ambições. Então tenho um plano de carreira muito bem desenhado, que é conhecido pela minha liderança. O céu é o limite pra mim.
‘Cobre 90% dos meus gastos em farmácia’
Mariana Rito, gerente comercial da Flash
Tenho um benefício que cobre 90% dos meus gastos em farmácia. Eu sou uma pessoa que consome muito nesses estabelecimentos: itens de higiene, cosméticos, e medicamentos quinzenais de um tratamento. Então, isso sempre foi um peso considerável na fatura do cartão de crédito no fim do mês. Mas hoje, quando vou à farmácia, é uma sensação semelhante à de almoçar num restaurante usando o vale-refeição. Não sai do meu salário.
‘A empresa tem um plano para mim’
Guilherme Neves, gerente de Digital Energy Sales da Schneider Electric
A companhia tem uma plataforma na qual é possível entender como guiar a sua carreira para chegar em determinada posição. Ela desenha características que você precisa desenvolver e apresenta rotas possíveis. O próximo passo pode não ser uma vaga, mas um projeto que te permite determinada experiência. Esse desenho de carreira faz eu me sentir acolhido e saber que a empresa tem um plano para mim. Estou em constante evolução.
‘A empresa suporta meu desenvolvimento’
Gabriella Montini, diretora de Sales Excellence da FCamara
A cultura da empresa permite que qualquer pessoa peça para um colega uma mentoria. E, além disso, temos programas de mentoria recorrentes. Minha última foi com o Fábio Camara, nosso CEO. E foi bem importante para aprimorar aspectos da minha gestão e do meu posicionamento como líder mais atenta e assertiva. Quando a empresa fornece esse ambiente que suporta meu desenvolvimento, me sinto no lugar certo.
‘Foi importante para a conexão com minha filha’
Fábio Di Biase, head comercial da Pipo Saúde
Eu tive quatro meses de licença-paternidade: tirei um quando a minha filha nasceu e outros três quando minha esposa voltou a trabalhar. Além de dar tranquilidade para ela neste momento, foi importante para a minha conexão com minha filha. Além disso, por ser um líder, também penso como essa política retira vieses nas decisões de contratação, já que se um colaborador, sendo homem ou mulher, tiver filhos, não haverá diferença no impacto para a equipe.
Com informações do site Extra
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