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Senador de Roraima nega que a estiagem histórica na Amazônia seja uma consequência das mudanças climáticas

Líder do Republicanos citou estudos de cientistas negacionistas ao aquecimento global para justificar as afirmações e minimizar o impacto da ação do homem nas mudanças climáticas.

A seca em Manaus está acima do esperado para o ano. (Foto: Michael Dantas/AFP)

O senador roraimense Mecias de Jesus, líder do Republicanos no Senado Federal, discursou, nesta segunda-feira (16/10), sobre a severa seca que atinge a região amazônica. Ele negou que a estiagem histórica seja uma consequência das mudanças climáticas, e disse que todo movimento acerca do tema é apenas uma tentativa de “afundar o agronegócio a qualquer custo, e ninguém sabe a troco de quê.”

O discurso ocorre no mesmo dia que o Rio Negro atingiu a pior marca fluvial da história, de acordo com dados do porto de Manaus, responsável pelos monitoramentos de subida e descida das águas. O rio, que é um dos 10 maiores do planeta, alcançou a marca de 13,59 metros, marcando a pior seca da história do estado — superando o recorde anterior, de 13,63 metros, em 24 de outubro de 2010.

O senador complementa dizendo que prefere “acreditar nas pessoas que pesquisam e analisam como reconhecidos cientistas”.

Mecias citou estudos de cientistas negacionistas ao aquecimento global para justificar as afirmações e minimizar o impacto da ação do homem nas mudanças climáticas. “A primeira delas (possibilidade) seria o aquecimento do Oceano Atlântico, com o dipolo do Atlântico, mas sem explicarem por que aqueceu. A segunda seria uma redução da transpiração das árvores, como se estas estivessem com as axilas entupidas. Por fim, a terceira alternativa apontava para a fumaça produzida pelas queimadas”, destacou Mecias.

Um dos citado pelo senador é o ex estudioso do meio ambiente e norte-americano Robert W. Felix, que acreditava que o mar aquece em razão da erupção de vulcões submarinos. Felix era conhecido por ser radical nas ideias que isentam o ser humano dos impactos ambientais causados no planeta.

O cientista extremista não acreditava no excesso de carbono lançado na atmosfera. Para ele, o dióxido de carbono produzido pelos automóveis e pelas fábricas, em um período de 100 anos, era menor, em quantidade, do que aquele lançado pela erupção de vulcões, estes que eram mais prejudiciais ao meio ambiente do que a ação humana.

O senador complementa dizendo que prefere “acreditar nas pessoas que pesquisam e analisam como reconhecidos cientistas”, a exemplo do astrofísico inglês Piers Corbyn, um antivacina, teórico da conspiração e negacionista em mudanças climáticas que acredita que o que determina o clima no planeta é apenas e exclusivamente o sol.

“Os que nada explicam querem creditar os males do mundo aos que trabalham e pagam impostos. Querem afundar o agronegócio a qualquer custo e ninguém sabe a troco de quê. O estado de Roraima, por exemplo, tem sido constante vítima dessa atitude. O que essa gente entende de carbono para ficar aterrorizando com palavras vazias? Eles são graduados em química ou biologia? Têm doutorado em alguma dessas áreas?”, disse o parlamentar.

Neste ano, a região está sendo afetada por dois fenômenos simultâneos que vêm contribuindo para a intensidade da estiagem.

O primeiro é o El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e dificulta a formação de chuvas na Amazônia, que registraram índices pluviométricos abaixo da média, aumentando a possibilidade de grande vazante dos rios.

O segundo é o aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico, que também também reduz a quantidade de chuva na região.

Ainda não é possível atribuir a ocorrência desses dois fenômenos às mudanças climáticas causadas pelo homem, pois a combinação dos fenômenos é uma amostra pequena para a ciência.

Mas os estudos anteriores já mostravam que um planeta mais quente causa eventos extremos seja de seca como de inundações, como vem ocorrendo na região Sul do Brasil.


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