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Brasil

Salles não consegue recuperar financiamento para Amazônia suspenso pela Alemanha

Governo do país europeu afirmou que só voltaria a destinar verbas para conservação da Amazônia se houvesse ‘impressão fundamentada de que o dinheiro será bem investido’.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deixou a Alemanha esta quarta-feira sem recuperar o financiamento do país europeu a projetos de conservação na Amazônia. Em agosto, Berlim suspendeu uma doação de R$ 155 milhões , em represália à falta de ações do governo brasileiro para conter o desmatamento na floresta. As informações são do jornal O Globo.

Ao chegar à Alemanha, no domingo, Salles postou um vídeo no Twitter afirmando que, em reuniões com representantes do setor privado e o governo alemão, pretendia “desmistificar” e “acabar” com o “sensacionalismo de informações que não são corretas sobre a situação ambiental brasileira”. Segundo um porta-voz do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, a pasta não reveria a suspensão dos recursos ao Brasil até ter “uma impressão bem fundamentada de que o dinheiro será bem investido”.

Desgaste diplomático

Em agosto, após a suspensão dos investimentos, o presidente Jair Bolsonaro mandou um recado à chanceler alemã, Angela Merkel: ” Pega essa grana e refloreste a Alemanha, tá ok? Lá está precisando muito mais do que aqui”. Segundo a emissora alemã Deutsche Welle, Salles foi a Berlim disposto a amenizar as declarações de Bolsonaro, afirmando que o presidente referia-se apenas a uma manifestação e que não se deveria misturar “política com questões técnicas”.

Além de se reunir com a ministra do Meio Ambiente, Svenja Schulze, com quem não chegou a um acordo , Salles também se encontrou com o titular da pasta de Cooperação e Desenvolvimento, Gerd Müller. O ministério está envolvido com o Fundo Amazônia e já manifestou contrariedade com as mudanças no programa, que foram estabelecidas pelo governo brasileiro sem consulta aos governos da Noruega e da Alemanha, que são os doadores internacionais.

Em sua estadia em Berlim, Salles enfrentou um protesto em frente à Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio, onde sua entrada no prédio foi impedida por um cordão de isolamento formado por cerca de 50 manifestantes do Greenpeace . A ONG também divulgou que o ministro se reuniria com indústrias conhecidas pela produção de agrotóxicos, um compromisso não divulgado na agenda oficial.

Salles também provocou polêmica ao afirmar, em uma entrevista ao jornal conservador “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, que “ainda é preciso questionar quão grande é a contribuição humana” para as mudanças climáticas.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, há pelo menos 95% de certeza de que a ação humana está influenciando o aumento da temperatura global.

O ministro começou, no dia 18, uma viagem internacional em que tenta desfazer a má imagem da política ambiental brasileira . Já passou pelos EUA, Paris e Berlim. Agora, vai a Londres e, na sexta-feira, retorna a Brasília.


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