Brasil
Relatório que aponta impacto das fake news sobre o desmatamento na Região Amazônica chega à Câmara dos Deputados
Dados do coletivo Intervozes, que serão apresentados na Casa em parceria com o Instituto Vero, indicam que há pelo menos 70 páginas difusoras de fake news nas redes atuando em estados da Amazônia Legal.
O risco de a desinformação contribuir para o agravamento do desmatamento na Amazônia vai entrar na pauta da Câmara, em Brasília, na terça. As informações são da coluna do jornalista Lauro Jardim, no jornal O Globo.
Dados do coletivo Intervozes, que serão apresentados na Casa em parceria com o Instituto Vero, indicam que há pelo menos 70 páginas difusoras de fake news nas redes atuando em estados como Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Roraima, Mato Grosso e Tocantins — todos na área da Amazônia Legal e com potencial para impactar a relação dos moradores com a floresta.
Entre as “fakes”, há as informações errôneas de que o bioma “não pega fogo” (na contramão dos registros do Inpe) e de que as estatísticas oficiais sobre o desmatamento estariam “distantes da realidade”. Também foi indentificada uma falácia de que o Brasil seria “o país que mais conserva o meio ambiente”, em pleno governo de Jair Bolsonaro.
Os dados serão discutidos num seminário intitulado “Mentira que (Des)Mata: os impactos da desinformação sobre a Amazônia e as políticas climáticas e ambientais”, com participação de Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e de Orlando Silva, relator do PL das Fake News. Lideranças jovens da região da floresta também foram convidadas a participar.
No relatório “Amazônia Livre de Fake”, um dos documentos que serão lançados e disponibilizados aos parlamentares, há ainda uma análise acurada de 206 conteúdos on-line direcionados à população local e produzidos por sites que se apresentam como noticiosos, mas costumam publicar mentiras. Do total, 10% faz referência à Amazônia.
O levantamento do Coletivo Intervozes e de entidades parceiras analisou 200 páginas em sete estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima, Mato Grosso e Tocantins.
As páginas foram separadas entre organizações e ativistas de direita, figuras políticas públicas e canais jornalísticos.
Os pesquisadores investigaram três sites que se apresentam como jornalísticos. Segundo o estudo, esses sites divulgam apenas informações que favorecem certo partido ou candidato. Os políticos que tiveram mais visibilidade são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A desinformação aumentou nas eleições de 2022, fortemente associada à polarização política.
As supostas notícias manipulam as informações, segundo a integrante do Intervozes, Raquel Baster. “Eles constroem textos que são, normalmente, sensacionalistas, conspiratórios, principalmente em relação à Floresta Amazônica. Eles constroem textos com dados manipulados. Eles podem pegar metade de um texto com informações que são corretas e misturar com dados fabricados por eles. Ou fazem uma mistura de dados, trazendo uma confusão ao entendimento de que lê esses textos”.
Para combater a desinformação, os pesquisadores recomendam fortalecer a cooperação entre estados, agentes privados e sociedade para encontrar mecanismos de regulamentação. Eles defendem o projeto de Lei das Fake News, que está no Congresso. Além disso, políticas de educação crítica para o uso da internet desde a infância.
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