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Brasil

Regiões Norte e Nordeste tiveram maiores taxas de suicídio durante a 1ª onda de Covid-19

Segundo pesquisa da Fiocruz, em 2020, o índice geral desses casos teve queda de 13% no país, mas cresceu significativamente em ambas as regiões.

Depressão e suicídios foram registrados na primeira onda da pandemia de Covid-19.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estudaram o excesso de óbitos por suicídio em 2020 no Brasil, durante a primeira onda da pandemia de Covid-19. O estudo revelou um aumento significativo dessas mortes no Norte e Nordeste, onde há maior vulnerabilidade socioeconômica. A informação foi publicada pela revista Galileu.

A pesquisa, aceita para a publicação no periódico International Journal of Social Psychiatry, utilizou dados de mortalidade do Ministério da Saúde. De modo geral, a taxa de suicídios enfrentou uma queda de 13%, entre março e dezembro de 2020. Ainda assim, os resultados indicaram que, entre os homens de 60 anos ou mais na região Norte, o excesso de suicídios alcançou 26%. Já entre as mulheres da mesma faixa etária no Nordeste, essa porcentagem foi de 40%.

Fizeram parte do estudo o epidemiologista Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia), e o médico psiquiatra Maximiliano Ponte, da Fiocruz Ceará. Os especialistas identificaram que houve um “excesso substancial” das ocorrências fatais em ambas as regiões.

A Agência Fiocruz de Notícias informa que a pandemia de Covid-19 já resultou em mais de 6 milhões de mortes diretas no mundo e outras centenas de milhares de mortes indiretas — como é o caso do suicídio. Os autores do estudo salientam que países de baixa e média renda como o nosso foram atingidos de modo severo, seja se tratando dos efeitos diretos sobre a mortalidade ou dos efeitos indiretos.

Segundo Ponte, os idosos do Norte e Nordeste foram os mais vulneráveis ao excesso de suicídios. “Nessa faixa etária, incidem de forma simultânea dois problemas que acabam atuando conjuntamente: maiores riscos para o suicídio e os maiores riscos para a Covid-19, fatores que se retroalimentam”, explica o psiquiatra à agência, lembrando a alta taxa de mortalidade nas regiões e a falta de oxigênio em Manaus.

Orellana, por sua vez, ressalta que o suicídio é um problema de saúde pública disseminado pelo planeta e é uma importante causa de morte prematura, especialmente na América Latina. “Por isso, é fundamental conhecer a sua magnitude, distribuição e possíveis razões, visando a sua prevenção”, ele afirma, acrescentando que a ocorrência pode variar conforme fatores como a dinâmica social, econômica e sanitária, especialmente em momentos como guerras ou pandemias.

Conforme cita Orellana, a pesquisa pode não só ajudar a planejar ações para mitigar os efeitos pandêmicos, mas pode também melhorar sistemas de informação sobre mortalidade em “regiões vulneráveis e que gerenciaram pobremente a epidemia”.

Além disso, os resultados mostram uma tendência que pode ser ainda pior: “Nosso estudo também alerta para a possibilidade de efeitos indiretos ainda mais fortes sobre os suicídios a partir de 2021, uma vez que o impacto direto pandêmico [mortes por Covid-19] foi ainda mais severo em 2021”, completa o pesquisador.


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