Brasil
Preço de passagens aéreas no Brasil acumula alta de 56,8% em 12 meses, aponta IBGE
Impacto da inflação sobre o setor de aviação tem frustrado planos de viagem de consumidores.
No acumulado de 12 meses, as passagens aéreas no Brasil tiveram alta de 56,81%, ficando atrás apenas de quatro itens, três deles do grupo de alimentos, além do etanol. A diferença é considerável se comparada ao índice geral da inflação acumulada de 12 meses, que ficou em 10,25%, o maior desde fevereiro de 2016. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta dos combustíveis está diretamente ligada a essas tarifas salgadas, outro pesadelo do brasileiro. O setor aéreo é extremamente sensível a esse produto, porque o querosene de aviação é um dos principais custos para as companhias.
Relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ressalta esse peso. Na média do segundo trimestre, o valor do litro do querosene de aviação ficou 91,7% superior ao verificado em igual período de 2020.
A reabertura da economia e o aumento da demanda devido ao avanço da vacinação são outros fatores que explicam o aumento no preço dos bilhetes. A busca pelos destinos nem sempre é acompanhada por uma oferta suficiente por parte das companhias.
A Anac aponta para aumento nas passagens nos meses de abril, maio e junho. Em relação aos mesmos meses do ano passado, o avanço no preço médio dos voos domésticos foi de 21,7%. A variação também pode ser explicada pela queda que o tíquete médio sofreu no segundo trimestre de 2020, quando a pandemia fez o volume de voos despencar mais de 90%.
Tarifa dinâmica
Questionada sobre a alta que o IBGE apontou, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirma que o levantamento da Anac é o que “melhor retrata o comportamento das tarifas aéreas”, já que considera todos os bilhetes comercializados num determinado período. Já o IPCA, do IBGE, considera um recorte específico de datas e de destinos mais visitados.
Em nota, a Abear destaca que, no segundo trimestre deste ano, a tarifa média doméstica caiu 19,98% em relação ao mesmo trimestre de 2019, anterior à pandemia. “O preço médio do bilhete foi de R$ 388,95, ante R$ 486,10. O ‘yield tarifa aérea’ (valor pago pelo passageiro por quilômetro voado), por sua vez, teve retração de 32,3% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019”, diz.
A reportagem procurou as principais companhias aéreas brasileiras para que comentassem a questão. As três destacam que a precificação segue uma série de fatores. A Azul ressalta que a alta do dólar e do combustível, que vem ocorrendo sistematicamente, também influencia nos valores.
A Gol afirma que disponibiliza as vendas de seus voos, em geral, 330 dias antes da partida, possibilitando a quem se planejar com maior antecedência adquirir passagens mais baratas. Em nota, a Latam ressalta que, para a definição do valor da passagem, é preciso levar em conta que 65% dos custos da empresa são dolarizados e que o combustível da aviação representa em torno de 35% das despesas.
Ao analisar a inflação das passagens aéreas, o secretário nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Glanzmann, lista como justificativas o patamar elevado do dólar e do petróleo, o avanço da vacinação e a pressão maior no mercado aéreo doméstico, além da tendência de recomposição de margem pelas companhias.
Outro fator é a tendência de recomposição de margem das empresas aéreas. Com a vacinação avançada e a expectativa de que o retorno do mercado aéreo não seja um “voo de galinha”, as companhias devem aproveitar para tentar recompor parte dos prejuízos que tiveram na pandemia. “Como elas vêm de um longo e tenebroso inverno, então, de fato, tem uma tendência de recomposição de margem”, diz o secretário, lembrando que a ferramenta para controlar essa margem é a oferta de voos.
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.
Faça um comentário