Conecte-se conosco

Brasil

Petrobras e governo federal vão capacitar quase 20 mil pessoas do CadÚnico para indústria de óleo e gás

A adesão da estatal ao Programa Acredita Primeiro Passo foi oficializada nesta quinta-feira (dia 20).

petrobras-e-governo-federal-va

Cerca de 20 mil pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) terão acesso a cursos de capacitação oferecidos pela Petrobras, que busca qualificar profissionais para o setor de petróleo e gás. A parceria com o governo federal tem o objetivo de ampliar as oportunidades de trabalho e renda para famílias de baixa renda, ao mesmo tempo que atende a demanda por mão de obra especializada no segmento.

De acordo com a gerente de Projetos Sociais da Petrobras, Marcela Levigard, a companhia vai utilizar o Programa Autonomia e Renda para colocar a capacitação em prática. A ideia é preparar os beneficiários do CadÚnico para atuar em diversas frentes do setor de petróleo e gás, aumentando as chances de empregabilidade.

Com aproximadamente 40 milhões de inscritos, o CadÚnico é o principal banco de dados utilizado pelo governo para a seleção de beneficiários de programas sociais, como Bolsa Família, Auxílio Gás, Tarifa Social de Energia Elétrica e Minha Casa Minha Vida.

Dentro do CadÚnico, a Petrobras vai dar prioridade para grupos vulnerabilizados, como pretos e pardos, mulheres, pessoas com deficiência (PCD), pessoas trans, indígenas, quilombolas e refugiados, além de desempregados. As inscrições podem ser feitas no site do programa Autonomia e Renda Petrobras.

Os participantes do programa vão ganhar uma bolsa auxílio no valor R$ 650. Para mulheres com filhos até 11 anos, o valor sobe para R$ 858.

“O Programa Autonomia e Renda é a nossa forma de contribuir para essa iniciativa do governo federal de qualificar pessoas em situação de vulnerabilidade, para que elas possam ampliar suas oportunidades de empregabilidade em um segmento de óleo e gás”, diz Levigard.

A adesão da estatal ao Programa Acredita Primeiro Passo, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, foi oficializado nesta quinta-feira (dia 20), no Rio de Janeiro (RJ). O protocolo de intenções foi assinado pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

De acordo com o ministro Wellington Dias, cerca de 70 organizações têm parceria com o programa da pasta. “Acreditamos que a geração de oportunidades é o que trará qualidade de vida e maior participação social para famílias que estão vulneráveis”, afirmou o ministro.

Especialidades

A Petrobras fez um mapeamento em várias operações da empresa, como exploração, produção e refino de petróleo, para identificar quais as lacunas de mão de obra qualificada.

Segundo Levigard, a maior parte das vagas será para quem cursou ao menos o 5º ano do ensino fundamental. São funções como caldeireiro, soldador, montador de andaime e pintura industrial. Já para quem tem o ensino médio, são cursos técnicos em áreas como eletrotécnica, segurança do trabalho e mecânica.

Karoline Batista é aluna do curso técnico de eletrotécnica em Araucária, no Paraná, cidade onde fica a Refinaria Presidente Getulio Vargas. Aos 28 anos, ela diz que viu na vaga aberta a oportunidade de voltar a estudar, “tendo a chance de ser um curso profissionalizante, em uma instituição renomada”.

“Esse curso abriu minha cabeça, tivemos a oportunidade de fazer nossa aula inaugural dentro da Petrobras, onde é meu sonho trabalhar, então sei que se me esforçar, me dedicar, vou conseguir ir muito longe”, disse à Agência Brasil.

A gerente Marcela Levigard explica que a mão de obra formada pelo programa de qualificação não será contratada diretamente pelo Petrobras, o que exige concurso público. A ideia é que os profissionais sejam absorvidos por empresas terceirizadas que fazem parte da cadeia de suprimentos da estatal.

Para adequar a formação profissional às necessidades da cadeia de óleo e petróleo, a Petrobras buscou instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia para formatar os cursos.

Mão de obra local

Levigard conta que os cursos são oferecidos em regiões onde há a atuação da Petrobras, de forma que a capacitação de mão de obra local atenda a pressões por ocupação das próprias comunidades.

Os cursos são oferecidos em 47 cidades de sete estados, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Pernambuco, a maior parte relacionada a operações de refinarias.

Em Pernambuco está a maior parte das vagas, mais de 7,3 mil, por causa das obras de ampliação da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, região metropolitana do Recife.

“No pico da obra, teremos lá de 10 mil a 12 mil pessoas. Existe um clamor daquelas comunidades que estão em torno das nossas operações de que elas precisam ser atores principais no processo. Não tem necessidade na visão delas, da nossa também, de se importar mão de obra para aquela região”, comenta o gerente executivo de Responsabilidade Social, José Maria Rangel.

Está no radar da empresa fazer um mapeamento para instituir o programa de capacitação no Amapá, estado que servirá de base para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, tida como de grande potencial.

A intenção é que, uma vez que a exploração seja liberada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), não haja uma enxurrada de trabalhadores forasteiros.

“Está no nosso radar uma avaliação da ampliação do programa, fazendo um levantamento de quais são as carreiras que a gente vai ter lá”, adiantou Rangel.

Maioria feminina

O Programa Autonomia e Renda começou as primeiras qualificações em setembro de 2024 e terminou o ano passado com 1,1 mil inscritos. As primeiras turmas se formarão em março.

Entre os que procuram a capacitação, 75% são pretos ou pardos. Entre os alunos, 60% são mulheres e 45% são mulheres com filhos de até 11 anos.

“A mulher para poder estudar com um filho pequeno, vai ter que ter um dinheirinho para pagar alguém para cuidar da criança”, diz Levigard.

Empresas contratantes

A Petrobras incentiva que os trabalhadores capacitados cadastrem currículos em bancos de emprego do Sistema Nacional de Emprego (Sine) e em Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), ao mesmo tempo em que estimula as empresas da cadeia do petróleo que disponibilizem as vagas nesses bancos.

Ao fazer as concorrências públicas para fechar contrato empresas terceirizadas, a Petrobras não pode exigir que essas firmas admitam apenas funcionários qualificados pelo Autonomia e Renda, mas faz articulação para que a oferta de trabalhadores seja aproveitada.

“Um movimento no sentido de mostrar para os empresários que existe uma mão de obra qualificada ali”, comentou Rangel.

Já em relação à primeira oportunidade no mundo do trabalho, o gerente executivo afirmou que há cláusulas que exigem de 15% a 30% das vagas ocupadas por pessoas no primeiro emprego.


Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

5 + 8 =