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Brasil

Pesquisa lança drone adaptado para identificar árvores amazônicas que viram perfume

Startup Bioverse desenvolveu tecnologia em projeto em parceria com a Natura.

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Um trabalho que até então se fazia manualmente, exigindo deslocamentos floresta adentro de vários quilômetros para a identificação de espécies de árvores de potencial econômico para comunidades extrativistas da Amazônia, agora ocorre a uma velocidade 200 vezes maior graças ao uso de inteligência artificial. Em um projeto em parceria com a Natura, a startup Bioverse adaptou um drone usado no monitoramento de áreas florestais para que a aeronave passasse a viajar com a tecnologia de identificação das árvores.

O drone mapeou áreas das comunidades extrativistas de Irituia e Abaetetuba, no Pará. Nos 600 quilômetros quadrados que já cobriu, o equipamento identificou sobretudo espécies de tucumã e açaí, que a Natura usa para fazer perfumes e cosméticos. “Para fazer o levantamento da maneira habitual seriam necessários 25 anos de rastreio”, diz Rômulo Zamberlan, diretor de pesquisa avançada da Natura.

Segundo ele, a empresa consome centenas de toneladas de açaí e tucumã por ano. Com o mapeamento em larga escala, a companhia quer ter mais segurança na obtenção dessas duas matérias-primas e também de outras oito espécies de interesse econômico, afirma Zamberlan. A Natura fornece às comunidades extrativistas os dados que obtém no levantamento. O grau de precisão da ferramenta da Bioverse é de 95%.

História

A tecnologia nasceu da vontade de Francisco D’Elia, cofundador e diretor-executivo da startup, de desenvolver uma tecnologia que permitisse identificar e quantificar a biodiversidade em biomas como a Amazônia. D’Elia, que é engenheiro cartógrafo, tem 25 anos de experiência em diferentes tipos de mapeamento.

“A perda de biodiversidade e a destruição de ecossistemas, problemas que existem há décadas, me preocupava muito desde meus tempos de graduação”, conta D’Elia, “e a Amazônia sempre foi um objeto de interesse para mim”. A partir de imagens de satélite, ele segmentou diferentes copas de árvores para treinar a inteligência artificial que a Bioverse usa atualmente.

O passo seguinte foi aumentar em dez vezes a resolução da imagem, um ajuste necessário para a identificação de espécies de menor porte. “Passamos a pensar em como usar drones de asa fixa que conseguissem fazer um mapeamento contínuo em grande escala no nível de detalhe de que precisávamos”, relata o executivo.

Foi a partir daí que surgiu a ideia de adaptar uma aeronave usada no monitoramento de áreas florestais. “Os drones convencionais de mapeamento agrícola são configurados para operar em áreas da ordem de mil hectares, enquanto na Amazônia essa aplicações são de 100 mil, 200 mil hectares”, explica Giovani Amianti , fundador e diretor executivo da Xmobots, fabricante da aeronave.

Financiamento

A Bioverse investiu R$ 2,6 milhões para desenvolver a tecnologia. A Natura — empresa que teve orçamento de pesquisa e desenvolvimento de R$ 292 milhões em 2023 — financiou parcialmente o valor do projeto. A outra parte ficou a cargo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao governo federal.


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