Conecte-se conosco

Brasil

O Globo diz em editorial que o crime organizado na Amazônia “impõe reação imediata’

Exploração ilegal de madeira é um dos crimes citados. (Foto:EBC)

Em editorial publicado nesta segunda-feira (13/01), sob o título ‘Crime organizado na Amazônia impõe reação imediata’, o jornal O Globo cobra das autoridades brasileiras a punição e a elevação das penas de crimes ambientais cometidos por quadrilhas na região.

O editorial diz que “a conjugação de altos rendimentos com nenhum risco de maiores punições provoca uma corrida do crime organizado para a exploração de atividades ilegais na Amazônia, na exploração de ouro, madeira, caça e pesca”. E que “além do evidente reforço na vigilância e repressão, com uma coordenação entre instituições locais e federais, é preciso urgência na aprovação pelo Congresso de um Projeto de Lei apresentado em outubro, com a assessoria da Polícia Federal (PF), para elevar as penas de crimes ambientais cometidos por quadrilhas”.

O jornal lembra que o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista e servidor licenciado da Funai Bruno Pereira, em 2022, no Vale do Javari, perto das perigosas fronteiras com Peru e Colômbia, no Amazonas, “chamou a atenção para a pesca ilegal no local. A atuação de grupos criminosos naquela região amazônica começou a ser retomada assim que o reforço policial foi sendo relaxado”.

Segundo o jornal, “a atração que as vastas oportunidades de negócios ilegais na Amazônia passou a exercer sobre organizações criminosas articuladas com esquemas internacionais de tráfico de drogas é comprovada pelo crescimento dos bens e valores apreendidos pela PF no combate a atividades de quadrilhas na região”

E cita que, de janeiro a outubro do ano passado, o que foi confiscado de grupos que cometem crimes ambientais na Amazônia chegou a R$ 1,15 bilhão, um terço de todas as apreensões feitas no período — de R$ 3,1 bilhões—, quase tanto quanto o R$ 1,17 bilhão confiscado em investigações sobre o tráfico de drogas”. E que “as apreensões feitas junto às quadrilhas flagradas em delitos contra a flora e fauna, sem considerar os valores bloqueados pela Justiça, cresceram 25% de um ano para o outro”.

Corrupção

O jornal diz, ainda, que “é grande o poder corruptor desses grupos. Há pouco, a PF apreendeu automóveis e joias de luxo, uma moto aquática e barras de ouro, além de dinheiro em espécie, no endereço de empresários que pagavam mesada a dezenas de policiais militares do Pará, para trabalhar na segurança e na logística do garimpo ilegal”. E que, nos autos da Operação Cobiça, que provocou o afastamento de 35 policiais, o juiz federal do caso deixou registrado que as investigações constataram que um casal formado por um servidor público e uma enfermeira assalariada conseguiu em poucos meses comprar automóveis por mais de R$ 500 mil.

“A expansão dessa fronteira do crime permite arranjos como o de pilotos de oito helicópteros que, junto com mecânicos, formaram um grupo para prestar serviço tanto ao garimpo ilegal quanto ao tráfico de drogas. A quadrilha foi desbaratada em março, mas não se pode garantir que outras não tenham se formado, atraídas pela possibilidade de altos lucros e a inexistência de risco de elevadas punições pela legislação sobre crimes ambientais”, diz o editorial.

Essa conjugação de baixo risco e alta recompensa estimula a criminalidade em todo o mundo, informa O Globo, citando, ainda, que relatório do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), entidade intergovernamental, estima que empreendimentos criminais contra o meio ambiente geram, a cada ano, entre US$ 110 bilhões e US$ 281 bilhões de receita, sendo a terceira atividade ilegal mais lucrativa, depois do tráfico de drogas e de armas. O editorial termina dizendo que a experiência brasileira demonstra que há quem explore mais de uma dessas atividades ao mesmo tempo


Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

catorze − 13 =