Brasil
Nordeste se conecta à criminalidade na Amazônia a partir do tráfico de drogas, diz pesquisador
O geógrafo afirmou que as conexões entre as atividades criminosas na Região Amazônica não começaram agora, mas se intensificaram no governo Jair Bolsonaro (PL).
O geógrafo Aiala Couto, professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e um dos principais especialistas na dinâmica criminal na Amazônia Legal, afirmou que no Nordeste do Brasil, as capitais são os grandes entrepostos comerciais do tráfico da cocaína produzida no Peru, na Bolívia e na Colômbia e que entra pela Região Amazônica. E que, enquanto cidade turística, o consumo também a torna atrativa para o tráfico.
“O Ceará faz parte desse ecossistema criminoso a partir do escoamento da cocaína que entra no País através da Amazônia, já que os portos cearenses são usados para levar a droga para o continente europeu.
No último dia 14 de agosto, ele foi um dos palestrantes do encontro ‘Diálogos sobre Jornalismo, Segurança Pública e Democracia’, evento realizado pelo Instituto Sou da Paz e pela Fundação Friedrich Ebert (FES) Brasil, com jornalistas de todo o País para uma série de palestras abordando temas atuais da cobertura de segurança pública, como o fortalecimento da cultura armamentista, ataques a escolas, violência de gênero e antirracismo.
Aiala participou da mesa “Como a segurança tem sido usada para atacar a democracia, como sua ausência viola direitos nas cidades e nas florestas”, ao lado de Esther Solano, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em pesquisas de opinião pública e em estudos sobre a extrema-direita.
O geógrafo afirmou que as conexões entre as atividades criminosas na Região Amazônica não começaram agora, mas se intensificaram no governo Jair Bolsonaro (PL). A desregulamentação da atividade garimpeira na região, diz o pesquisador, atraiu mais pessoas, o que intensificou a invasão de terras indígenas, o tráfico de pessoas e o consumo de drogas da região.
Ele destacou que os municípios que estão na rota do narcotráfico também são afetados. “A violência letal acompanha as rotas no interior do Ceará, pode pesquisar lá que você vai ver”, afirma. “Cidades com 40 mil, 50 mil habitantes que, antes, não eram violentas, agora, tornaram-se violentas, tanto no Ceará, quanto no Maranhão”, disse.
Para Aiala, é preciso entender o fenômeno da interiorização da violência e que a cocaína que abastece o Sudeste depende da região Norte. “A cocaína que vende em São Paulo, Rio de Janeiro, ela sai da fronteira, atravessa a Amazônia. Foi isso que deslocou esses grupos (facções do Sudeste) para a região Norte: ter a possibilidade de ter acesso e articular todas essas rotas, para fazer com que chegue no mercado do Sudeste ao mesmo tempo que possa, dali, conectar com outros mercados”.
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