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Amazonas

Ministro colombiano culpa o Brasil pelo alto índice de Covid-19 em Letícia

Vizinha de Tabatinga, Letícia é a cidade colombiana com mais casos confirmados de novo coronavírus proporcionalmente à população

A transmissão acelerada do novo coronavírus no Brasil e, em especial, no Amazonas, é apontada pelo ministro da Saúde da Colômbia, Fernando Ruiz, como o principal fator do alto índice de infecção por Covid-19 registrado em Letícia, que fica em frente ao município amazonense de Tabatinga. A afirmação foi feita em entrevista à BBC Brasil.

Letícia é a cidade colombiana com mais casos confirmados de Covid-19 proporcionalmente à população. Até a última quarta-feira, 35% dos cerca de 48 mil habitantes tinham testado positivo para a doença, com 55 mortes, segundo Ruiz. O país somava 23 mil casos e 736 mortos. “Esse contágio chegou, com certeza, através do Brasil. Por tudo o que está acontecendo no Estado do Amazonas, no Brasil, no rio Amazonas e em Manaus. É uma situação que afeta também a nossa população indígena”, disse o ministro colombiano.

De acordo com Ruiz, Tabatinga e Letícia são tão integradas que chega a ser difícil identificar quem é morador de uma e quem mora na outra, assim como não é possível precisar se habitantes de Tabatinga têm sido atendidos em unidades de saúde de Letícia e vice-versa.

À publicação, o ministro colombiano disse, ainda, que uma estratégia unificada dos governos do Brasil e da Colômbia poderia ter obtido mais sucesso no combate à pandemia, mas, segundo Ruiz, houve uma dificuldade e atraso no diálogo – agravado pela saída de dois ministros da saúde do Brasil, Henrique Mandetta e Nelson Teich. “Poderíamos ter tido uma estratégia comum (de combate ao coronavírus), com quarentena e testes de casos para conter o avanço da doença onde compartilhamos fronteiras”, disse o ministro Ruiz.

Para o analista político Alejo Vargas, professor da Universidade Nacional da Colômbia, “a política errática do governo brasileiro” contra o novo coronavírus permitiu que a situação em Leticia fosse alcançada pelo que ocorre no Brasil. “Em Tabatinga, houve efeito colateral dessa politica errática do governo brasileiro, e como Tabatinga é colada em Leticia, o vírus entrou por esse lado da fronteira”, disse Vargas.

“Leticia e o Estado do Amazonas não têm muitos habitantes, mas lá está uma população que nos preocupa e nos interessa muito, a dos povos indígenas colombianos”, completou.

Em nota à BBC, o Ministério da Saúde brasileiro afirmou que “desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus, o governo brasileiro manteve diálogo com os países fronteiriços e tomou medidas, como o fechamento da fronteira terrestre com a Venezuela, que faz divisa com a cidade de Pacaraima, em Roraima, e intensificou a ampliação da assistência de saúde, principalmente no estado do Amazonas, na Região Norte, com grande concentração de população indígena, e que faz fronteira com outros países”.

A assessoria informou ainda que o governo brasileiro, por meio do Ministério da Saúde, entregou em maio um auxilio emergencial a Tabatinga e a São Gabriel da Cachoeira, localizado na fronteira com a Colômbia e a Venezuela.


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