Brasil
Ministra do Meio Ambiente alerta para seca ‘terrível’ no Pantanal e na Amazônia
Marina Silva disse que a pasta está tentando obter “recursos e meios extraordinários” para mitigar os efeitos dessa seca.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez um alerta nesta quarta-feira (05/06) para a probabilidade de uma estiagem severa no Pantanal e na Amazônia neste ano, com um “fenômeno terrível” de incêndios e queimadas como consequência. As informações são do Valor Econômico.
Ela fez a previsão em entrevista coletiva após ato em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, no Palácio do Planalto.
“O que estamos trabalhando no Pantanal são os desdobramentos desses eventos climáticos relacionados a fenômenos naturais.”
“Nós não conseguimos a cota de cheia do Pantanal. A Agência Nacional de Águas [ANA], no dia 13, estabeleceu situação crítica hídrica em toda a bacia do rio Paraguai. Isso é a primeira vez que está acontecendo”, afirmou.
“O que nós estamos vendo em chuvas no RS e os efeitos dessa chuva, nós vamos ver em estiagem, provavelmente na Amazônia e no Pantanal. E o que a gente tem como consequência associada às chuvas, em relação a deslizamentos e enchentes, nós vamos ter um fenômeno terrível que são os incêndios e queimadas.”
Segundo ela, o ministério está tentando obter “recursos e meios extraordinários” para mitigar os efeitos dessa seca.
“Também em relação ao Nordesste e à caatinga, que já têm momentos de estiagem severa, nós vamos ter no RS uma estiagem severa”, afirmou.
Marina disse que ainda é cedo para dizer que a queda do desmatamento no Cerrado é duradoura. Marina fez a afirmação ao comentar números divulgados por ela momentos antes, que apontam uma redução de 12,9% do desmatamento no bioma entre janeiro e maio deste ano em comparação ao mesmo período de 2023.
“Ainda é muito cedo para a gente poder falar alguma coisa. A gente não pode ficar na inércia do resultado alcançado nem deve ter postura apologética em relação a sinalizações iniciais. Quando não se é negacionista a gente não pode ser também ‘enganacionista’. O poir engano é o que a gente faz para a gente mesmo”, afirmou Marina. “Ainda é cedo para dizer que isso é uma inflexão duradoura na curva.”
Marina ressaltou o fato de que boa parte do desmatamento no Cerrado é feito de forma legal, por conta do Código Florestal, que exige um percentual de apenas 20% de reserva legal nas propriedades. A cifra é o inverso do que ocorre em relação à Amazônia, onde os proprietários precisam preservar 80% das áreas.
“No caso do Cerrado, uma boa parte desse desmatamento conta com licença. Uma parte, de cerca de 50%, é ilegal, e o Ibama pode agir”, afirmou. “Estamos fazendo um trabalho de convencimento porque a remoção dessa cobertura florestal já está levando a danos ambientais severos, com a aredução da vazão dos rios e dos lençóis freáticos.”
Como parte desse “trabalho de convencimento”, o ministro Rui Costa chamou os governadores de Estados inseridos no bioma para um “pacto” em favor do Cerrado. Esse pacto está sendo construído diante da constatação dentro do governo de que será difícil alterar o Código Florestal, por conta da força do agro no Congresso. O Cerrado concentra a maior parte da produção de grãos do país.
Apesar da queda nos primeiros meses neste ano, o desmatamento no bioma aumentou 43,6% no ano passado.
Sem mencionar diretamente o Código Florestal, Marina realçou ao discursar em evento no Palácio do Planalto.
“Temos aumento do desmatamento no Cerrado, e esse é um grande desafio. O grande desafio é que, no Cerrado, você tem direito a desmatar 80%. O problema é que a legislação permite, mas a natureza não assimila”, afirmou Marina.
A ministra participou de evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, do Planalto.
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