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Brasil

Ministério da Saúde comprará 46 milhões de doses da vacina chinesa contra a Covid-19

A pasta fechou um acordo com o governo de São Paulo e gastará R$ 2,6 bilhões para adquirir o imunizante Coronavac, produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac, até dezembro deste ano.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fechou um acordo com o estado de São Paulo para compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, ao custo de R$ 2,6 bilhões, até dezembro deste ano. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Em reunião com governadores nesta terça-feira (20), Pazuello, afirmou que vai incorporar a Coronavac no Programa Nacional de Imunizações, colocando-a assim no cronograma nacional. Os recursos, segundo a Folha apurou, devem ser liberados por meio de medida provisória.

O governo federal tem o contrato para obter 140 milhões de doses —100 milhões da parceria entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford e 40 milhões do mecanismo Covax Facility, liderado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Com a compra de doses também da Coronavac, o total previsto para ser oferecido deve chegar a 186 milhões.

Segundo o ministério, a previsão é que a vacinação seja iniciada em janeiro do próximo ano. Profissionais de saúde e pessoas com maior risco de complicações da Covid-19, como idosos, devem ter prioridade na oferta da vacina.

Em nota, porém, a pasta informa que não deve recomendar que a vacinação seja obrigatória. O argumento do ministério é que a vacinação de cerca de metade da população já poderia ser suficiente para atingir uma imunidade coletiva, “ou seja, para reduzir a um nível seguro a circulação do vírus da Covid-19 no Brasil”.

“Desta forma, o Governo Federal oferecerá a vacinação de forma segura, mas não recomendará sua obrigatoriedade aos gestores locais, respeitando o direito individual de cada brasileiro”, informou.

Segundo a pasta, Pazuello assinou um protocolo de intenções para aquisição de doses da Coronavac.

O acordo foi fechado um adia após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticar a postura do governador João Doria em afirmar que a vacinação contra a Covid-19 será obrigatória no estado de SP e afirmar que as doses precisariam ter comprovação científica para que fossem aplicadas.

“O país que está oferecendo essa vacina tem que primeiro vacinar em massa os seus, depois oferecer para outros países”, afirmou o presidente.

No final da tarde, em evento no Palácio do Planalto, o presidente fez críticas indiretas ao governador João Doria (PSDB). Segundo ele, o tucano está “levando terror perante a opinião pública”.

“Não quero acusar ninguém de nada aqui, mas essa pessoa está se arvorando e levando terror perante a opinião pública. Hoje em dia, pelo menos metade da população diz que não quer tomar essa vacina. Isso é direito das pessoas. Ninguém pode, em hipótese alguma, obrigá-las a tomar essa vacina”, acrescentou.

Bolsonaro ressaltou ainda que quem defende a vacinação obrigatória contra o coronavírus não pensa na “vida do próximo” e que as decisões sobre a política de imunização cabem ao Ministério da Saúde.

A Coronavc está na fase 3 de testes, incluindo o Brasil. Segundo o governo de São Paulo, a vacina é segura e registrou efeitos colaterais leves em 35% dos voluntários da pesquisa.

No documento enviado ao Instituto Butantan, de acordo com o ministério, Pazuello também “solicitou documentos comprobatórios dos ensaios clínicos já realizados e daqueles em andamento”.

De acordo com o ministério, além das 186 milhões de doses, a Fiocruz deve ter capacidade para iniciar a produção de mais 165 milhões de doses no segundo semestre de 2021.

A produção ocorre após um acordo para transferência de tecnologia firmado com a AstraZeneca e Universidade de Oxford, cuja fase também está atualmente na terceira e última fase de testes.

Para que a vacina possa ser oferecida, porém, é preciso que todos os testes tenham sido concluídos e que exista um registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Em nota, o Ministério da Saúde informa ainda que “acompanha mais de 200 estudos referentes à produção das vacinas contra a Covid-19 e não descarta novas aquisições, caso seja avaliado que há esta necessidade”.


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