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Maiores espécies de árvores da Amazônia estão ameaçadas pelo garimpo

Essas árvores gigantes foram identificadas no Amapá e no Pará durante uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

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Foto: Divulgação / Pablo Albarenga – Proteja as Árvores Gigantes

As maiores árvores do Brasil estão ameaçadas por garimpo ilegal e grilagem de terras. Há duas semanas, a campanha Proteja as Árvores Gigantes, do instituto O Mundo Que Queremos em parceria com outras 20 ONGs ambientais e pesquisadores, cobrou ações de fiscalização contra o desmatamento de exemplares de espécies descobertos em 2022, como o angelim-vermelho de 88 metros (tamanho equivalente a um prédio de 30 andares). As informações são do O Globo.

Essas árvores gigantes foram identificadas no Amapá e no Pará durante uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). São árvores com mais de 400 anos, consideradas arquivos vivos da história climática e ecológica da Amazônia pela possibilidade de fornecer informações sobre secas, cheias, estoques de carbono e mudanças atmosféricas.

No Amapá, sete árvores estão distribuídas entre a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, a Floresta Nacional do Amapá e assentamentos na região de Maracá-Camaipi. Já em Almeirim (PA), fica o maior exemplar, o angelim-vermelho de 88 metros. Lá, foi criado o Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia, pelo governo do Pará, em uma área de 560 mil hectares.

Mas, um ano após a criação do parque, a garantia de proteção não saiu do papel, denunciam as ONGs. Segundo uma nota técnica enviada ao Ministério Público e a autoridades estaduais, existe apenas um gestor, responsável por essa e outras três unidades de conservação, que, somadas, abrangem cerca de sete milhões de hectares, “o que compromete a atenção e a fiscalização necessárias para proteger o santuário das árvores gigantes”, diz a nota.

A falta de fiscalização se tornou mais temerária após uma análise geoespacial, com dados do MapBiomas, mostrar a proximidade de garimpos. No Amapá, existe um garimpo ilegal a cerca de um quilômetro da segunda maior árvore encontrada.

— Não basta o parque existir no papel. É preciso assegurar a presença efetiva do estado e garantir que a unidade cumpra sua função socioambiental de proteger as árvores gigantes — afirma Angela Kuczach, articuladora da campanha e diretora executiva da Rede Pró-UC. — A COP30 será a grande vitrine do Brasil para o mundo, e não podemos correr o risco de exibir um santuário que simboliza a grandeza da biodiversidade amazônica enquanto a floresta continua ameaçada.

A campanha Proteja as Árvores Gigantes teve início em 2022 e militou pela criação do parque e pelo cancelamento, realizado pelo governo do Pará, de cerca de 500 cadastros ambientais rurais (CARs) ilegais próximos às árvores, devido a denúncias de grilagem.

— Encontrar uma árvore com 60 metros já é raro. Estamos investigando os fatores que causaram esse fenômeno de gigantismo e esperamos encontrar muitas outras, inclusive maiores que 88 metros — explica o pesquisador Robson Lima, da Universidade Estadual do Amapá (UEAP) e da equipe do estudo.

Procurado, o governo do Pará não respondeu.


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