Brasil
Lula diz que tem 80% dos ministérios na cabeça e só anuncia após diplomação
Petista decidiu manter a Gleisi Hoffmann na presidência do PT até o final do mandato dela, em 2023.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 02/12, que montará o seu ministério depois do dia 12, quando será diplomado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lula ainda justificou a permanência de Gleisi Hoffmann na presidência do PT e longe do comando de alguma pasta. Segundo o presidente, 80% das pastas já estão estruturadas em sua cabeça. A informação é do jornal O Globo.
A declaração foi dada durante conversa com a imprensa na chegada do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição. Ele estava acompanhado da presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann.
– Vou ser diplomado no dia 12. Depois que eu for presidente da República, reconhecido, eu vou escolher o meu ministério. Eu já tenho 80% do ministério na cabeça, mas não quero construir um ministério para mim. Quero construir para as forças que ganharam as eleições — afirmou.
Lula, no entanto, não respondeu se o ex-ministro Fernando Haddad (PT) está incluso nos ministérios que já estão definidos em sua cabeça. O nome do ex-prefeito de São Paulo é o favorito para assumir o Ministério da Economia.
O presidente eleito disse, ainda, que decidiu não dar ministério para Gleisi Hoffmann para não desmontar o partido e que é um reconhecimento “da grandeza dela”.
– Achei que é importante não desmontar o partido, porque ganhamos a eleição. A companheira Gleisi tem um papel muito importante. O fato de eu ter dito para Gleisi que ela não vai ser ministra é o reconhecimento do papel que Gleisi tem na organização política no Brasil. Quero que vocês saibam que o fato de ela não ser ministra é reconhecimento da grandeza dela. Ser presidenta desde partido hoje é tão ou mais importante do que ser ministra.
Lula ainda disse que quer ter “inserção nas decisões políticas e econômicas” do país” e rebateu as pressões para acelerar o anúncio dos nomes que estarão na Esplanada no próximo governo. Ele afirmou que “quem ganhou as eleições fui eu”.
– Quem ganhou as eleições fui eu e eu obviamente quero ter inserção nas decisões políticas e econômicas desse país -respondeu ao ser questionado sobre quem ocuparia o ministério da Economia — O meu ministro da Economia será a cara do sucesso do meu primeiro mandato.
Lula também foi cobrado sobre o anúncio do nome do ministro da Defesa e dos Comandantes das Forças Armadas. O presidente eleito, no entanto, desviou das cobranças e afirmou que não poderia “anunciar e dar passo para trás” depois.
– Se tiver que anunciar, eu vou anunciar. Eu não posso anunciar e dar passo para trás. Quando eu falar vai ser definitivo.
A expectativa era que o nome do futuro ministro fosse divulgado até a próxima semana. O mais cotado é o ex-presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio. Na mesma ocasião, deverão ser nomeados os comandantes da três Forças.
A demora para bater martelo a respeito do próximo chefe da pasta reflete a dificuldade de Lula e de seus auxiliares de chegarem a um nome palatável para os militares, categoria ligada ao presidente Jair Bolsonaro. Nos bastidores, o presidente eleito tem deixado claro que não abre mão de escolher um civil para comandar a pasta.
Encontro com Sarney
Antes de chegar ao CCBB, Lula visitou o ex-presidente José Sarney, em Brasília. Ele chegou na residência por volta das 10h40 e permaneceu no local até 12h10.
Questionado por O GLOBO sobre o motivo do encontro, Lula brincou:
— Somos velhos amigos. Velhos, não. Jovens amigos.
Aos jornalistas, Lula afirmou que Sarney é uma pessoa “histórica” e lembrou-se do encontro com outro ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
— É uma pessoa que tem história nesse país. E eu quero estar com a mesma saúde que ele está hoje. 91 anos. Já encontrei o Fernando Henrique Cardoso. São pessoas que me ajudaram, apesar de divergimos.
Lula chegou na capital federal no último domingo acompanhado da mulher, Rosângela Silva, a Janja, e do ex-ministro Fernando Haddad, que é cotado para o ministério da Economia.
Ao longo da semana, Lula teve reuniões com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Ele também se encontrou com lideranças de partidos, como o MDB, PSD e União.
Na pauta das conversas, a formação de um bloco parlamentar para lhe conferir governabilidade no próximo ano e a estratégia para aprovar a PEC da transição até o fim de 2022.
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