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Lula diz que quer pavimentar estradas que conectem o Brasil ao Caribe e cita Manaus, Belém e Boa Vista

“Queremos, literalmente, pavimentar nosso caminho até o Caribe. Abriremos corredores capazes de suprir as demandas de abastecimento e fortalecer a segurança alimentar da região”, prometeu Lula.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acenou nesta, quarta-feira, dia 28, com aporte de recursos do Brasil no Caribe e investimento em obras transnacionais para ligar o País à região. Em termos de infraestrutura regional, Lula anunciou aos líderes políticos do Caribe o plano de ligação rodoviária articulado por seu governo para pavimentar estradas que conectem o Brasil aos países sul-americanos que têm ligação direta com o Caribe: Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela. Os projetos envolvem os territórios do Amapá, Roraima, Amazonas e Pará. AS informações são do site do jornal O Estado de S. Paulo (Estadão)

Lula discursou a chefes de governo no encerramento do encontro da Comunidade do Caribe (Caricom) em Georgetown, na Guiana, e procurou destacar objetivos comuns do Brasil e dos países caribenhos em temas-chave como mudança climática e segurança alimentar.

“Nosso maior obstáculo é a falta de conexões, seja por terra, por mar ou pelo ar. Uma das rotas de integração e desenvolvimento prioritárias para meu governo é a do Escudo Guianense, que abrange a Guiana, o Suriname e a Venezuela. Queremos, literalmente, pavimentar nosso caminho até o Caribe. Abriremos corredores capazes de suprir as demandas de abastecimento e fortalecer a segurança alimentar da região”, prometeu Lula.

O presidente fez questão de destacar que levou ao encontro os ministros ligados ao plano: dos Transportes, Renan Filho, da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

“Até o final deste ano, faremos um aporte ao fundo concessional do Banco de Desenvolvimento do Caribe. Países caribenhos sofrem com altos níveis de endividamento e têm condições menos favoráveis de renegociação por terem ascendido à condição de países de renda média”, afirmou Lula. “Ocorre que bens e serviços não circulam onde não há vias abertas. Belém, Boa Vista e Manaus estão mais próximas de capitais do Caribe do que de outras grandes cidades brasileiras.”

O presidente prometeu colocar dinheiro em um fundo de desenvolvimento caribenho – sem citar valores – e anunciou US$ 17 milhões para construção de um centro profissionalizante voltado a jovens no Haiti – o país concentra 61% da população da Caricom. Nos governos anteriores do PT, obras com linhas de crédito do BNDES realizadas por empreiteiras na América Latina e na África foram alvos de investigação no âmbito da operação Lava Jato.

As promessas de obras foram incluídas no plano de integração sul-americana do governo federal. Em paralelo, o governo brasileiro também planeja retomar financiamento da exportação de bens e de serviços de engenharia por empresas brasileiras contratadas por governos estrangeiros para obras no exterior, por isso mandou um projeto de lei ao Congresso, que permita a retomada de operações a países não-envididados, ou com dívidas renegociadas.

As linhas de crédito foram suspensas em 2016 pelo BNDES, por causa de escândalos de corrupção desvendados na Operção Lava Jato. As investigações atingiram até mesmo o presidente da República, mas os processos em que ele era acusado foram arquivados. O Brasil segue como credor e tenta receber recursos de Cuba, Venezuela, El Salvador e Antígua e Barbuda.

A viagem de Lula a Georgetown é um gesto político para recuperar influência política e econômica do Brasil no Caribe. O presidente disse a região deve se manter distante de rivalidades entre potências globais – uma referência velada à disputa entre Estados Unidos e China.

“A Caricom abriu-se para o Sul, rejeitando a condição de zona de influência de potências alheias à região. Temos o desafio de manter nossa autonomia em meio a rivalidades geopolíticas”, disse Lula, no encontro. “Cabe a nós manter a região como zona de paz. Abrigamos sociedades multiétnicas, entrelaçadas por culturas vibrantes.”

Lula permaneceu na capital guianense nesta quinta-feira, dia 29, para uma reunião bilateral com o anfitrião da Caricom, Irfaan Ali, presidente da Guiana, com quem vai tratar da disputa sobre a região do Essequibo, com a Venezuela. O Brasil é o principal mediador e trabalha para evitar um conflito armado no seu entorno imediato.

Em seguida, Lula embarca para Kingstown, em São Vicente e Granadinas, onde participará da Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos). O petista pretende discutir pessoalmente com Nicolás Maduro sobre a questão territorial com a Guiana e a repressão a opositores às vésperas da prometida realização de eleições presidenciais.

Além de Maduro, Lulta tem aliados políticos na região, com governos ditatoriais de Cuba e Nicarágua. Assim como a Venezuela, eles também integram a Celac. Os três países, no entanto, não fazem parte da Caricom, atualmente presidida pela Guiana.

A organização política e econômica, criada em 1973, reúne 15 países membros, 5 associados, majoritariamente ilhas caribenhas, e uma população de 19 milhões de pessoas. O PIB conjunto é de US$ 120 bilhões. Os países dependem de importações de produtos industrializados e também para garantir a segurança alimentar.

Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do bloco, com comércio de US$ 29,7 bilhões. O país é o principal fornecedor de produtos para os países da comunidade caribenha, com 48,1%, e tem influência política por causa do idioma, de laços culturais e maior conectividade aérea.

A região sofre historicamente influência direta de Washington, na política e na economia. A Casa Branca tenta conter a imigração irregular de rotas que passam pelo Caribe, sendo os haitianos um dos principais grupos de refugiados das Américas. Na semana passada, o secretário de Estado Antony Blinken disse, no Rio, que 12 países mobilizariam US$ 120 milhões em auxílio às forças de segurança haitianas, com equipamentos, policiais e treinamento.

O Brasil é apenas o quinto maior fornecedor da Caricom, com 2,9% de participação no mercado. Os dados são da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que mapeou mais de 1.086 oportunidades de negócios, em setores sobretudo de combustíveis derivados do petróleo, agronegócio, aviões e manutafurados de aço e madeira.


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