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Brasil

Lula cobra taxação de fortunas, cutuca Musk e pede nova globalização na OIT

“Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, cutucou Lula

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula (PT) voltou a defender hoje a taxação de fortunas e pediu uma ‘nova globalização’ em discurso na OIT (Organização Internacional do Trabalho), em Genebra, na Suíça.

Lula tem feito a cobrança de taxação de super-ricos em quase todos os discursos internacionais. Hoje na OIT, falou que países ricos “têm de pagar a conta”, reclamou da concentração de renda e tratou sobre a modernização do mundo de trabalho.

“O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20”, disse Lula. Leia aqui a íntegra do discurso.

Sobrou até para Elon Musk, bilionário dono do X (antigo Twitter). “Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, cutucou Lula, em referência ao programa especial da SpaceX, do sul-africano. Ele arrancou aplausos e risadas da plateia.

A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, para não ficar na Terra, no meio dos trabalhadores que são responsáveis pela riqueza deles.presidente Lula em discurso na OIT

O presidente pediu uma “nova globalização”. “Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs de Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido”, disse.

Encampada pelo governo, a pauta tem avançado no Brasil. No ano passado, o governo conseguiu emplacar a tributação dos fundos de super-ricos e das offshore, empresas de brasileiros localizadas em paraísos fiscais, sob a justificativa de aumentar a arrecadação.

Como afirmou o Papa Francisco, não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade. Por isso, aceitei o convite do diretor-geral Gilbert Houngbo da OIT para copresidir a Coalizão Global para a Justiça Social. Ela será instrumental para implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.Lula, no OIT.

Modernização do trabalho e aumento da informalidade

Ao falar de modernização do trabalho, defendeu direitos trabalhistas e criticou o aumento da informalidade. “Retomamos as políticas de valorização do salário mínimo, de erradicação do trabalho infantil e de combate a formas contemporâneas de escravidão”, disse, lembrando também da aliança por trabalho digno com o presidente norte-americano Joe Biden, a quem chamou de “grande aliado”.

“As transições energética e digital já impactam trabalhadores de todos os países”, continuou Lula. “Nunca a justiça social foi tão crucial para a humanidade.”

“As novas gerações não encontram espaço no mercado Muitos não estudam, nem trabalham”, lamentou. “Há elevado desalento. Quase 215 milhões – mais do que a população do Brasil – vivem em extrema pobreza mesmo estando empregados. As desigualdades de gênero, raça, orientação sexual e origem geográfica são agravantes desse cenário.”

Apesar das projeções da taxa de desemprego mundial para este ano e o próximo apontarem modesta diminuição de 5% para 4,9%, não devemos nos iludir. A informalidade, a precarização e a pobreza são persistentes. O número de pessoas em empregos informais saltou de aproximadamente 1,7 bilhão, em 2005, para 2 bilhões neste ano. A renda do trabalho segue em queda para os menos escolarizados.presidente Lula, na OIT
Entidades apostam em Lula diante de crise

A presença de Lula na sede da ONU, onde ocorre a conferência da OIT, mobilizou toda a comunidade diplomática. Os chefes da OMS, OMC e de dezenas de delegações se deslocaram para saudar o brasileiro. Um tapete vermelho foi colocado para recebê-lo, na esperança de que seu compromisso com a sobrevivência do sistema ajuda a tirar a ONU da paralisia histórica.

A presença de Lula foi comemorada pelos principais dirigentes dos organismos. Com apoio de sindicatos, da ONU e empregadores, Gilbert Houngbo, diretor-geral da OIT, disse que a coalização brasileira é a “prova de que o multilateralismo” pode dar respostas aos desafios atuais.

Navid Hanif, vice-secretário-geral da ONU, lembrou da presença de Nelson Mandela na OIT, há décadas, e defendeu o estabelecimento de um “novo contrato social”. Para ele, a criação da coalizão que tem Lula como co-presidente é “o compromisso de que haja justiça social, a pedra fundamental da paz”.

“A pobreza em alguma parte é ameaça para a prosperidade para todos”, disse Hanif. Segundo ele, desafios que podem parecer impossível de ser superado – como clima e desigualdade – devem ser lidados com justiça social.

Tedros Ghebreyeus, diretor-geral da OMS, também falou de Lula em seu discurso. Ele agradeceu ao brasileiro pelo compromisso por justiça social e pela luta contra fome e pobreza. “Muito obrigado”, disse em português.

 

As informações são do UOL.

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