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Brasil

Impacto com perdas na Amazônia pode ultrapassar US$ 3 trilhões, diz Fórum Econômico

O estudo de referência usado pelo texto fala em um horizonte de 30 anos, mas não detalha o tamanho do impacto para o Brasil, que detém a maior fatia da floresta.

Um ano depois de ouvir do presidente Jair Bolsonaro, em seu debut internacional, que o Brasil é um país que preserva o meio ambiente, o Fórum Econômico Mundial divulgou nesta quarta-feira o novo Relatório de Riscos Globais 2020, cheio de recados para o governo brasileiro. O documento afirma que a perda abrupta da cobertura da Amazônia pode ter um custo econômico que pode ultrapassar US$ 3 trilhões (R$ 12,5 trilhões), se nada for feito até lá. As informações são da revisa Época.

O estudo de referência usado pelo texto fala em um horizonte de 30 anos, mas não detalha o tamanho do impacto para o Brasil, que detém a maior fatia da floresta.

No mesmo trecho em que trata da Amazônia, o relatório destaca riscos para os mercados agrícolas, lembrando que o Brasil é um dos maiores exportadores do mundo de commodities como soja, milho e carne. “Um declínio significativo na produtividade agrícola brasileira pode aumentar a volatilidade dos preços de alimentos, o que a história mostra que pode desencadear instabilidade e contribuir para deterioração de longo prazo na segurança”.

E completa: “As comunidades indígenas que dependem da floresta tropical pode sofrer e possivelmente desaparecer. A indústria do turismo, crítica para as ecoais da América do Sul, pode ser seriamente afetada”.

O texto afirma que a Amazônia é o ecossistema mais diverso do mundo e habitat de cerca de 10% das espécies terrestres, e que a sua destruição significa um potencial perdido para sempre para novas descobertas de cura para doenças.

“Incêndios e alagamentos mais intensos na região, assim como o comportamento mais imprevisível dos fluxos de água, podem acontecer. Tudo isso pode abalar a produção de alimentos, aumentar a escassez de água e reduzir a geração de energia hidrelétrica, com custo econômico de mais de US$ 3 trilhões”, diz o relatório.

Diante da necessidade de ação global em relação às ameaças climáticas, Peter Giger, um dos autores do relatório e especialista-chefe do Departamento de Risco da Zürich Insurance, afirmou que o Brasil não pode repetir os mesmos erros das nações no passado e parar o desmatamento antes que seja tarde. Segundo ele, os incêndios nas florestas brasileiras no ano passado, e na Austrália nas últimas semanas são situações diferentes.

– O Brasil é um exemplo diferente. Da perspectiva do risco, está repetindo erros do passado, de centenas de anos atrás. Isso é sempre uma tragédia. No Brasil, a questão é não repetir os mesmos erros como sociedade global e como parar o desmatamento antes que seja tarde demais.

Pela primeira vez em dez anos, as graves ameaças para o meio ambiente estão entre os cinco principais itens da lista de riscos prováveis de longo prazo para o crescimento da economia global. “As consequências de curto prazo da mudança do clima se somam à uma urgência planetária de perdas de vidas, tensões sociais e políticas e impactos econômicos negativos”, afirma o relatório.

O clima não estava entre os riscos mais iminentes no relatório do ano anterior, que recebeu dois capítulos especiais para tratar do tema este ano. Segundo o documento, cerca de 12 milhões de hectares de floresta tropical foram perdidos mundo afora em 2018, o que equivale a 30 campos de futebol por minuto.

A Amazônia sozinha, destaca, perdeu aproximadamente 17% da sua extensão nos últimos 50 anos, e os índices de desmatamento subiram desde 2012. A Amazônia agora absorve cerca de um terço a menos de carbono do que fazia uma década atrás, segundo o documento.

“O rápido desaparecimento adicional de floresta tropical pode exacerbar os efeitos da mudança do clima: se perder de 20% a 25% da floresta, cientistas alertam que a Amazônia pode passar do ponto limite a partir do qual o ciclo vicioso de seca, incêndios e perda da cobertura já não poderá mais ser interrompido. Isso pode acontecer em décadas”, alerta o relatório que será base das discussões do Fórum Econômico em Davos na semana que vem.


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