Brasil
Governo federal bloqueia mais de R$ 60 mi em recursos e suspende ações contra desmatamento na Amazônia
As verbas bloqueadas pelo Ministério do Meio Ambiente são de R$ 20.972.195,00 para o Ibama e de R$ 39.787.964,00 para o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
O Ministério do Meio Ambiente informou hoje (28) que a SOF (Secretaria de Orçamento Federal) bloqueou cerca de R$ 60 milhões que seriam usados para o combate ao desmatamento, em um momento em que o Brasil é pressionado por outras nações por mais iniciativas a favor da preservação das suas florestas. Com isso, todas as operações contra o desmatamento ilegal na Amazônia Legal, bem como todas as operações de combate às queimadas no Pantanal e demais regiões do Brasil estão interrompidas. As informações são da Reuters, com publicação pelo portal UOL.
Em nota, a pasta declarou que as verbas bloqueadas são: R$ 20.972.195,00 do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e R$ 39.787.964,00 do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). O valor, superior a R$ 60 milhões, vem a se somar à redução de outros R$ 120 milhões já previstos como corte do orçamento na área de meio ambiente para o exercício de 2021.
As operações afetadas já na segunda-feira (31) compreendem, no âmbito do combate às queimadas no Ibama, a desmobilização de 1.346 brigadistas, 86 caminhonetes, 10 caminhões e 4 helicópteros. Nas atividades do Ibama relativas ao combate ao desmatamento ilegal serão desmobilizados 77 fiscais, 48 viaturas e 2 helicópteros.
No âmbito do ICMbio, nas operações de combate ao desmatamento ilegal serão desmobilizados 324 fiscais, além de 459 brigadistas e 10 aeronaves Air Tractor que atuam no combate às queimadas. Segundo o secretário Esteves Colnago, do Ministério da Economia, bloqueio atual foi decidido pela Secretaria de Governo e pela Casa Civil da Presidência da República.
Críticas ao Brasil
A decisão de interromper as operações ambientais ocorre no momento em que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido criticado duramente dentro e fora do País devido à destruição da floresta amazônica. Empresários brasileiros e investidores estrangeiros têm cobrado ações mais efetivas do governo para a região, uma vez que tem havido repercussão no âmbito econômico.
Na véspera do anúncio do ministério, em um evento virtual, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que é presidente do Conselho da Amazônia, havia minimizado as críticas sobre ações em relação à região. Mourão havia defendido que é preciso desmistificar o bioma amazônico e que é necessário combater com argumentos a visão que o mundo tem sobre a região, acrescentando que não é a floresta inteira que queima.
Dados recentes publicados pela revista Science mostram que o desmatamento da Amazônia segue acontecendo de forma acelerada. Os números do Deter, um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia realizado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostram crescimento do problema no Brasil no período dos últimos 12 meses.
De acordo com a publicação, que será divulgada na íntegra amanhã, houve aumento de 28% no desmatamento da floresta no período de agosto de 2019 a julho de 2020, em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.
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