Brasil
General que chefiou o GSI critica Lula por fala sobre perda de confiança em parte dos militares
Sérgio Etchegoyen, que comandou o Gabinete de Segurança Institucional durante o governo de Michel Temer, a!rmou ainda que presidente usa ‘velha técnica de procurar culpados’.
Responsável por comandar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência República
durante o governo de Michel Temer, Sérgio Etchegoyen teceu críticas públicas ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
General da reserva do Exército, o militar classificou como “covardia” a afirmação do chefe do Executivo sobre ter “perdido a confiança” em parte dos integrantes das Forças Armadas após os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
— Passado o triste episódio do dia 8, o presidente Lula, comandante supremo das Forças Armadas, dá uma declaração clara à imprensa de que não confia nas Forças Armadas. Como é que se pacifica o país a partir daí? Como é que se pacificam as Forças Armadas, que são uma instituição de Estado com a qual os governos do PT conviveram por 16 anos? — questionou Etchegoyen, na última terça-feira, durante participação no programa “Pampa Debates”, da emissora gaúcha TV Pampa.
O militar prosseguiu:
— Ele (Lula) sabe desde já que nenhum general vai convocar uma coletiva para responder à ofensa. Então, isso é um ato de profunda covardia, porque ele sabe que ninguém vai responder. Ele sabe que ninguém vai contestar o que ele está dizendo. Ou seja, é a velha técnica de procurar culpados.
Entre 2016 e 2018, Etchegoyen esteve à frente do GSI, órgão diretamente responsável pela segurança do presidente da República. No programa, o general rechaçou comparações entre os ataques antidemocráticos do dia 8 e protestos violentos ocorridos na capital federal em 2017, em meio à tramitação das reformas trabalhista e da Previdência. O paralelo foi traçado por muitos políticos bolsonaristas, incluindo o próprio ex-presidente, que citou os episódios do passado ao se posicionar pela primeira vez sobre a barbárie perpetrada por seus apoiadores em Brasília.
— Eu não vivi nenhum momento no Exército parecido com isso que a gente está vivendo agora. Não vivi nenhum momento desse nem no governo Temer — assegurou o militar, antes de reforçar: — Eu nunca tinha visto esse grau de radicalismo e divisão da sociedade brasileira.
Na semana passada, ao falar dos ataques na capital federal durante um café da manhã com jornalistas, Lula disse ter perdido a confiança em uma parcela dos militares, que ele acusa de ter facilitado a entrada de manifestantes golpistas no Palácio do Planalto. Segundo o presidente, porém, era preciso esperar a “poeira baixar” para voltar ao assunto. Na ocasião, Lula também comentou sobre o papel das Forças Armadas:
— Elas não são Poder Moderador como pensam que são. As Forças Armadas têm um papel na Constituição, que é a defesa do povo brasileiro e da nossa soberania contra possíveis inimigos externos. É isso que é o papel da Forças Armadas e está definido na nossa Constituição. E é isso que eu quero que eles façam, e bem feito.
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