Brasil
Garimpo já devastou 584 campos de futebol em três terras indígenas neste ano, diz Greenpeace
O levantamento aponta que os índices de desmatamento dentro dos territórios diminuíram de forma expressiva, em comparação com anos anteriores, mas alerta que garimpeiros têm abertas novas áreas.
Um levantamento via satélite feito pelo Greenpeace Brasil resultou que o garimpo devastou, entre janeiro e junho deste ano, um total de 417 hectares nas Terras Indígenas Kayapó , Munduruku e Yanomami . A medida equivale a cerca de 584 campos de futebol.
O dado, segundo a organização, alerta para o fato de que, apesar das iniciativas empreendidas pelo governo Lula para coibir a atividade, ainda há muito o que ser feito.
“Um dos grandes apelos dos povos originários é a desintrusão de seus territórios , que é a expulsão total dos garimpeiros de suas terras. Isso já foi feito na Terra Yanomami em 2023, mas os kayapó e os munduruku continuam aguardando quando isso vai acontecer”, afirma o porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace, Jorge Eduardo Dantas.
“O garimpo destrói ecossistemas, desestabiliza populações tradicionais e ameaça nossa capacidade de combater a crise climática. Por isso, a expulsão dos garimpeiros ilegais e a defesa dos territórios indígenas precisam ser pautadas defendidas por todos nós”, acrescenta.
O levantamento aponta que os índices de desmatamento dentro dos territórios diminuíram de forma expressiva, em comparação com anos anteriores, mas alerta que garimpeiros têm abertas novas áreas no entorno de regiões já exploradas como forma de dificultar a detecção por imagens de satélite.
A terra Kayapó foi mais afetada no primeiro semestre deste ano, tendo perdido 227 hectares para a atividade ilegal. Em comparação ao mesmo período de 2023, porém, foi registrada uma queda de 60,18% na abertura de novas áreas na região, segundo a organização ambiental.
A terra Yanomami, por sua vez, perdeu 169,6 hectares nos seis primeiros meses do ano — se comparado aos alertas captados no primeiro semestre de 2023, houve uma redução de 5,92%.
Ao analisar as imagens de satélite, os pesquisadores ainda identificaram uma migração do garimpo para a região sul do território yanomami, na área mais próxima do Amazonas .
Já a Terra Indígena Munduruku contabilizou 20,2 hectares abertos por garimpeiros no primeiro semestre deste ano.
O Greenpeace ainda chama a atenção para o avanço da atividade perto de outras áreas protegidas, como o Parque Nacional do Pico da Neblina e o Parque Nacional dos Campos Amazônicos . As Terras Indígenas Apurinã, Sete de Setembro e Zoró também estariam sob ameaça de novos focos de garimpo.
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