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Brasil

Empresas de navegação estimam nível crítico de operação nos rios da Amazônia para a próxima semana

Aproximadamente 2 milhões de toneladas de grãos deixarão de ser transportados durante a paralisação das embarcações por causa da seca nos rios do Arco Norte.

O presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani), Claudiomiro Carvalho Filho, estima que, na próxima semana, o rio Madeira deverá atingir níveis que dificultam ainda mais a navegação, resultando na paralisação das atividades fluviais na região. As informações são do site AgFeed.

“Atualmente, o Madeira tem calado na faixa de 2,40 metros. Isso já traz uma dificuldade para navegação no interior, principalmente, do transporte do agronegócio, que usa barcaças de 3,40 a 3,60 metros. Daí, já precisa trabalhar com uma redução de carga”, disse.

Carvalho explicou que, quando as embarcações trafegam com capacidade abaixo de 50%, é hora de parar. Segundo o site, duas importantes corretoras de grãos que atuam junto às principais tradings do País informaram ao AgFeed que no chamado Terminal de Novo Remanso, na região de Itacoatiara, onde operam ADM, Cofco e Bunge, as operações já foram paralisadas.

O executivo da Abani informou as que operações são lentas, mas ainda ocorrem, porque companhias reduziram em 40% o volume carregado nas barcaças “até para aliviar o calado”. E estimou que cerca de 800 barcaças devem parar no período, retomando as operações apenas em novembro.

Nesse período, a maioria das empresas faz paradas para manutenção, com férias coletivas para os funcionários. Ele projeta que aproximadamente 2 milhões de toneladas de grãos deixarão de ser transportados durante a paralisação das embarcações por causa da seca nos rios do Arco Norte, o que pode gerar um impacto de R$ 200 milhões.

“Como cada empresa tem seu prejuízo, é o que dá para projetar para as operações do corredor”, acrescentou. Assim como o rio Madeira, que passa por Rondônia e Amazonas, o rio Tapajós, que tem boa parte de sua extensão no Pará, também enfrenta problemas com a forte estiagem.

De acordo com Carvalho, o nível do rio Madeira está em 3,87 metros e, atualmente, as barcaças navegam com 70% da capacidade. A Hidrovias do Brasil, que tem operações no rio Tapajós, vê o cenário de forte estiagem ainda mais desafiador do que o visto em 2023.

Segundo o relatório do Serviço Geológico do Brasil (SGB), de 28 de agosto, a maior parte dos rios da Bacia do Amazonas estão com níveis abaixo do normal para o período do ano. Além disso, projeções indicam que, nas próximas duas semanas, são esperados acumulados de chuva

Enfrentar um período de estiagem na região Norte é considerado “normal” por quem opera as hidrovias em rios como Madeira e Tapajós. Este ano, porém, a seca chegou antes e volta a causar aumento nos custos para as tradings que exportam especialmente milho por estas rotas.

Entre os principais portos do Arco Norte estão Santarém e Barcarena, no Pará, e Itacoatiara, no Amazonas. O volume destes portos, se somado ao Porto do Itaqui em São Luís, no Maranhão, alcançou no ano passado 57,4 milhões de toneladas.

Foram responsáveis por 41,6% da exportação de milho do Brasil e 33,6% dos embarques de soja. Os índices pluviométricos do rio Madeira, um dos principais corredores para o escoamento dos grãos produzidos no Mato Grosso, estão em níveis abaixo da faixa da normalidade para esse período do ano, segundo o 34º boletim de alerta hidrológico da Bacia do Amazonas, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), ligado ao Ministério de Minas e Energia (MME).

Na região de Porto Velho, ponto mais crítico da região, os níveis são os mais baixos da história para esta época. O rio Madeira alcançou 1,95 metro, segundo o documento que considera dados de 23 de agosto.

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