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Brasil

Em São Paulo, risco de morte por novo coronavírus é 10 vezes maior em comunidades pobres

Diferença de taxa de mortalidade pela Covid-19 entre bairros com diferentes condições econômicas é exposta por boletim epidemiológico

Um trabalhador de laboratório é visto no Departamento de Diagnóstico Laboratorial, que realiza testes de diagnóstico de coronavírus no Centro Wielkopolska de Pneumologia e Cirurgia Torácica em Poznan, Polônia em 3 de março de 2020. Foto tirada em 3 de março de 2020.

O risco de morrer por coronavírus pode ser dez vezes maior para as pessoas que vivem nas regiões com os piores indicadores de qualidade de vida e de desenvolvimento humano da cidade de São Paulo. O boletim epidemiológico da prefeitura da capital mostra que a taxa de mortalidade nos bairros mais privilegiados, chamada área de inclusão, é de 0,7 por 100 mil habitantes para a faixa etária entre 40 e 44 anos de idade. Nessa mesma faixa de idade, a mortalidade por covid-19 chega a 6,7 a cada grupo de 100 mil pessoas nas áreas classificadas como exclusão 2, que abrange as regiões com pior qualidade de vida da cidade.

Na faixa de 65 a 69 anos, a diferença é mais do que o dobro entre os bairros mais ricos e os menos estruturados, variando de 25,9 para cada 100 mil habitantes na área de inclusão para 56,1 a cada grupo de 100 mil pessoas na área de exclusão 2 e ficando em 48,1 na área de exclusão 1, intermediária entre as duas.

A taxa de mortalidade geral, em relação a todas as idades, fica em até 8,3 para cada 100 mil habitantes em bairros da parte oeste da cidade, como a Vila Sônia, o Butantã e o Jardim Paulista. Enquanto nos bairros menos estruturados da zona leste, como São Miguel Paulista, Guaianases, São Mateus e Iguatemi, a taxa fica acima da média municipal, de 16,5 por 100 mil habitantes, com variações entre 24,8 e 31,1 para cada grupo de 100 mil pessoas.

Também entra nessa faixa de mortes Brasilândia, na zona norte. Já Marsilac, na zona sul, e  Pari, na região central, alcançaram a faixa de 33,1 e 43,2 mortes a cada 100 mil residentes.

A área de inclusão e os dois níveis de área de exclusão são definidos a partir de uma série de indicadores de qualidade de vida e desenvolvimento humano.

A partir da análise das mortes confirmadas e suspeitas pela covid-19 até o dia 17 de abril, o boletim da prefeitura indica os negros têm um risco 62% maior de serem vítimas do vírus do que os brancos. Em relação aos pardos, o perigo é 23% maior. A taxa de mortalidade para os brancos ficou em 9,67 a cada grupo de 100 mil pessoas, enquanto entre os negros chegou a 15,64 a cada 100 mil habitantes e a 11,88 para os pardos a cada 100 mil pessoas.

O Mapa da Desigualdade, divulgado em novembro do ano passado pela Rede Nossa São Paulo, mostra que alguns dos bairros com maior percentual de população negra estão entre os mais afetados pelas mortes na pandemia.

Em Brasilândia, na zona norte, e Iguatemi, na zona leste, o percentual de negros (pretos e pardos) é um pouco maior do que 50%. Em Guianases é de 51,5% e em São Miguel, 44,1%, ambos bairros da zona leste. Em Marsilac, na zona sul, fica em 48,6%. No Butantã, na zona oeste, o percentual de pessoas negras é de 16% e no Jardim Paulista, na zona oeste, de 8,5%.

As diferenças entre os bairros também apareciam em outros indicadores do mapa, como a idade média ao morrer. Na cidade de São Paulo a idade média ao morrer é de 68,7 anos. Na Brasilândia é de 60 anos, no Iguatemi, de 59,2 anos, e, em Marsilac, de 57, 5 anos. No Jardim Paulista, o indicador é de uma média de 79,8 anos de idade ao morrer.


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