Brasil
Em 2 meses, 265 mil alunos abandonaram faculdades privadas, diz sindicato
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) apontou em junho que 82% dos estudantes dizem que a perda de renda foi o principal motivo para interromper os estudos.
As universidades particulares perderam 265 mil estudantes – que abandonaram o curso ou trancaram a matrícula – nos meses de abril e maio, de acordo com levantamento do Semesp. A evasão deste ano foi 32% maior, se comparada com o mesmo período do ano passado, quando foram registradas 201 mil desistências.
Segundo a entidade, que representa faculdades privadas no Brasil, o cenário traz outro motivo de alerta: no mínimo 11,3% dos estudantes devem terminar o ano inadimplentes, com ao menos uma mensalidade atrasada.
Só em maio, a evasão aumentou 14,3%, puxada pelos cursos presenciais. O motivo por trás desse porcentual é o mesmo que vai fazer Valéria Félix desistir, por ora, da graduação de psicologia: a queda da renda causada pelo coronavírus. As universidades privadas detêm 75,4% (6,3 milhões) do total de matrículas de graduação, de acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2018, o mais recente.
Já uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) apontou em junho que 82% dos estudantes dizem que a perda de renda foi o principal motivo para interromper os estudos. Realizado entre 28 e 31 de maio, o levantamento ainda concluiu que 42% dos alunos estão sob o risco de desistir dos estudos – 5% a mais do que o total declarado em março, no início da pandemia.
O Semesp prevê que julho será ainda mais complicado, comprometendo a captação das instituições, já atingidas por queda de 70% nas buscas por cursos superiores, em comparação com o mesmo período em 2019. “Nosso grande termômetro é o interesse nas buscas do Google. E isso deve se aplicar para cursos presenciais e para o EAD, público que foi mais atingido pela pandemia”, explica Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.
Ele diz que a MP 936, que permite a redução de salários e jornada durante a crise, acabou prejudicando os alunos – principalmente os que cursam o ensino de maneira remota. Esses fatores, alinhados aos dados de busca, mais queda na previsão do PIB e recorde de desempregados no País constroem um cenário “preocupante” para as universidade privadas.
A mineira Valéria Félix, de 22 anos, mal havia começado o primeiro semestre de psicologia em São Paulo quando a pandemia chegou. Foram apenas duas semanas de aulas presenciais antes de voltar à casa dos pais, em Frei Lagonegro. A irmã dela, Ângela, que pagava por seus estudos, perdeu o emprego. E, assim, fica difícil arcar com a mensalidade de R$ 360, valor já reduzido graças ao desconto do Programa de Inclusão Universitária (Priuni), parceria da Uninove com ONGs da região metropolitana de São Paulo.
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