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Brasil

Desmatamento: mundo está falhando nas metas de redução, aponta avaliação

Área aberta em 2022 ficou 21% acima do necessário para zerar desflorestamento até 2030

O mundo está falhando em conter o desmatamento, alerta a Avaliação da Declaração Florestal, um levantamento anual independente feito por organizações da sociedade civil. No ano passado, a área aberta chegou a 6,6 milhões de hectares, cerca de 4% a mais do que em 2021 e 21% acima do necessário para cumprir a meta global de zerar o desflorestamento até 2030. A perda de florestas tropicais foi, proporcionalmente, pior: 4,1 milhões de hectares, um terço a mais do que a meta.

“Esse retrocesso torna os objetivos florestais ainda mais distantes, após o pequeno, porém insuficiente, progresso feito em 2021”, afirma o relatório. O problema é que a manutenção das florestas em pé é essencial para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 ºC.

Segundo o documento, o desmatamento segue com “taxas alarmantes” na América Latina, África, América do Norte e Europa. Para piorar, a equipe reclama da falta de transparência nos dados sobre desmatamento, especialmente no hemisfério Norte.

“São insuficientes para avaliar adequadamente o progresso e informar as ações necessárias. (…) Embora a maior parte (96%) da desflorestação ocorra em regiões tropicais, não significa que as regiões não tropicais estejam limpas”, dizem.

O reflorestamento de áreas desmatadas tem aumentado nos últimos quatro anos, segundo o documento, mas essas florestas plantadas podem levar décadas para estabelecer as condições ecológicas da mata nativa, dizem os pesquisadores.

Onde o desmatamento está caindo no ritmo necessário

De acordo com o relatório, mais de 50 países estão no caminho certo para eliminar o desmatamento até 2030, como a região da Ásia tropical, que está próxima da meta de zerar o desflorestamento. “A Indonésia e a Malásia conseguiram reduções constantes nesse sentido”, afirmam.

No entanto, a organização do relatório realça que sucessos individuais não compensam a perda maciça de florestas no mundo. Além disso, reforça que a responsabilidade é global, já que os efeitos do desmatamento em um país podem ser sentidos em outros.

“A redução do desmatamento em uma região geográfica pode ser causada pela terceirização da produção de commodities que envolvem riscos florestais, ou ao deslocamento do desmatamento a outros países e ecossistemas”, afirmam.

Uma saída seria os governos criarem ambiente regulatório e fiscal que estimule a ação do setor privado para proteção, restauração e gerenciamento sustentáveis.

Faltam recursos

A Avaliação da Declaração Florestal indica que apenas US$ 2,2 bilhões em fundos públicos são destinados às florestas por ano, uma fração insignificante perto da necessidade — a entidade realça que o valor seria suficiente para construir apenas dois estádios como o do Tottenham, em Londres, que custou US$ 1,1 bilhão.

“A maioria dos países em desenvolvimento ainda precisa de um apoio significativo para iniciar as reformas ousadas, necessárias para conciliar seus caminhos de desenvolvimento com as metas florestais”, afirma.

A equipe responsável pelo relatório é formada por membros do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP), Meridian Institute, Climate Advisers e Climate Focus. O projeto é apoiado pela Aliança para o Clima e o Uso da Terra (CLUA) e o Bezos Earth Fund, do dono da Amazon, Jeff Bezos.

As informações são do Globo Rural.


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