Brasil
Desastres climáticos no Brasil crescem 250% em quatro anos, diz Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica
A pesquisa indica que, nas últimas quatro décadas, 92% dos municípios brasileiros sofreram algum dano extremo causado pelo clima — os prejuízos econômicos superam a marca dos 547 bilhões de reais
Em apenas quatro anos, o número de desastres climáticos que atingiram o Brasil foi 250% maior do que o registrado em toda a década de 1990. Ao todo, o país sofreu mais de 16.000 eventos climáticos que resultaram em catástrofes entre 2020 e 2023, mais que o dobro das 6.523 ocorrências entre os anos de 1991 e 2000. As informações são da Veja.
Os dados foram publicados nesta sexta-feira, 27, pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica. Segundo o estudo, o Brasil foi alvo de 64.280 desastres climáticos desde 1990. Naquela década, o país contabilizou uma média anual de 725 tragédias, disparando para mais de 4.000 eventos por ano entre 2020 e 2023.
A pesquisa indica que, nas últimas quatro décadas, 92% dos municípios brasileiros sofreram algum dano extremo causado pelo clima — os prejuízos econômicos superam a marca dos 547 bilhões de reais.
Proteção dos oceanos é urgente e tendência é piorar, alertam cientistas
A pesquisa da Aliança Oceânica projeta um horizonte extremamente preocupante para o Brasil. No cenário mais otimista, o país deve ser atingido por ao menos 128.000 desastres climáticos até 2050 — incluindo as catástrofes observadas neste ano, como as chuvas torrenciais que devastaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio.
Segundo o relatório, o aquecimento dos oceanos é crucial para explicar a escalada vertiginosa dos desastres climáticos. A estimativa é de que, no período analisado, cada elevação de 0,1 ºC nas águas superficiais do mar aumentou em 584 as ocorrências de eventos extremos.
“O oceano é fundamental para a regulação climática global, e seu aquecimento contínuo evidencia os impactos crescentes da crise climática no sistema terrestre. Ao longo dos últimos 40 anos, o oceano aqueceu cerca de 0,6°C”, explica Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e um dos coordenadores do estudo.
Para os autores do estudo, a tendência atual é de piora, mas é possível articular políticas públicas e econômicas que ajudem o país a frear a crise climática e mitigar os danos. “Apesar das projeções negativas, ainda há tempo para agir. A recuperação de manguezais e dunas, por exemplo, são soluções verde-azuis que aumentam a resiliência contra eventos climáticos extremos”, avalia Janaína Bumbeer, pesquisadora da Aliança e gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário.
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