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Brasil

Datafolha: 7 em cada 10 pessoas dizem temer agressões por razão política no período eleitoral

Pessoas entrevistadas disseram ter sofrido ameaças por motivos políticos nos últimos 30 dias.

Jornalistas agredidos durante passeata. (Foto:Reprodução)

Casos como o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros na noite de 9 de julho quando comemorava o seu aniversário de 50 anos com uma festa alusiva ao PT em Foz do Iguaçu (PR), retratam uma realidade apontada pelo estudo “Violência e Democracia: Panorama Brasileiro Pré-Eleições de 2022”, divulgado nesta quinta-feira, 15/9.

Sete em cada dez pessoas dizem ter medo de serem agredidas fisicamente por causa das suas escolhas políticas, de acordo com levantamento feito pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade).

O instituto de pesquisa ouviu 2.100 pessoas em todo o país entre 3 e 13 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais e para menos. Foram ouvidas pessoas com 16 anos ou mais em cerca de 130 municípios brasileiros de pequeno, médio e grande porte.

O que indica a pesquisa?

67,5% dos entrevistados afirmaram ter medo de serem vítimas de agressões;
3,2% das pessoas ouvidas pelo Datafolha disseram ter sofrido ameaças por motivos políticos nos últimos 30 dias; é o equivalente a 5,3 milhões da população brasileira;
66,4% dos entrevistados dizem não acreditar que armar a população aumentará a segurança;
Em 2022, 83,4% consideram que há racismo no Brasil; em 2017, o índice era de 70%.

O levantamento também mostra que:

88,1% rejeitam ideias golpistas ao afirmar que quem for vencedor nas urnas e reconhecido pela Justiça Eleitoral deve ser empossado em 1º de janeiro de 2023;
62,8% concordam que “é importante para a democracia que os tribunais sejam capazes de impedir o governo de agir além de sua autoridade”.

Medo de agressões por expressar opinião

Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que a pesquisa reflete o medo das pessoas de serem agredidas apenas por expressarem as suas posições políticas. “As pessoas estão com medo de mostrarem o que estão pensando. Sair com a camisa de um político ou de um partido pode ser motivo para xingamentos ou agressões.” Para Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “os direitos de exercer a cidadania e a liberdade de expressão estão comprometidos”.

Fome como mercadoria política

Lima citou o caso do homem que gravou vídeo negando entregar marmita a uma mulher em situação de vulnerabilidade social só porque ela disse ser eleitora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O processo democrático está comprometido porque os níveis de violência política e ameaça estão presentes no país por parte de um grupo político que chantageia a população. A própria fome virou mercadoria política.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o empresário Cassio Joel Cenali se desculpou em um novo vídeo após a repercussão negativa do caso.

Confiança na legitimidade das eleições

Mônica Sodré, diretora-executiva da Raps, cita que quase 90% dos entrevistados pelo Datafolha rejeita ideias golpistas. “É um recado. A despeito dos regulares e sistemáticos ataques às instituições e à integridade do processo eleitoral, a população brasileira confia nas eleições. Isso é um indicativo de que a população valoriza o direito ao voto e a escolha dos seus representantes.”

Escalada da violência política no Brasil

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados encaminhou, há dois meses, uma denúncia à ONU com relatos de violência motivada pelo “ódio bolsonarista” nos últimos quatro anos. O documento enumera uma série de 13 ataques atribuídos a bolsonaristas envolvidos em brigas políticas. Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública ainda não se manifestou a respeito dos dados apresentados pela pesquisa.

Confira casos de violência política neste ano no país

-Em 15 de junho, um drone lançou veneno com cheiro de fezes e urina sobre o público que aguardava pelo ato de Lula em Uberlândia (MG).
-Em 7 de julho, um juiz que havia mandado prender um ex-ministro do governo Bolsonaro foi alvo de um ataque com fezes e ovos quando dirigia um carro em Brasília. No mesmo dia, uma bomba caseira com fezes foi lançada contra o público em um ato de Lula no Rio de Janeiro.
-Na noite de 9 de julho, o guarda municipal foi morto a tiros em Foz do Iguaçu (PR) pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho quando comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT.
-No dia 31 de agosto, um policial militar atirou em um fiel durante um culto na igreja da CCB (Congregação Cristã do Brasil) em Goiânia por causa de uma divergência política. O atirador era apoiador do presidente Jair Bolsonaro.
-Um homem gravou vídeo negando entregar marmita a uma mulher em situação de vulnerabilidade social só porque ela disse ser eleitora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 7 de setembro.
-Na noite de 7 de setembro, um bolsonarista matou a facadas um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma discussão sobre política na área rural de Confresa, no interior do Mato Grosso.
-Guilherme Boulos, candidato a deputado federal pelo PSOL, disse ter sido vítima de uma intimidação por arma de fogo durante panfletagem no dia 9 de setembro em São Bernardo do Campo (SP). Segundo ele, o autor da ameaça recusou um panfleto, gritou “aqui é Bolsonaro” e afirmou estar armado.

 

As informações são do site UOL.


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