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Brasil

Datafolha: 52% acham que Bolsonaro tentou dar golpe para seguir na Presidência

46% acham que ex-presidente sabia de plano para matar Lula; índice que vai a 50% entre os 63% que dizem conhecer o caso.

Metade dos brasileiros acha que Jair Bolsonaro (PL) tentou promover um golpe para se manter no poder após ter sido derrotado no segundo turno da eleição presidencial de 2022 para Lula (PT). Pensam isso 52% dos ouvidos pelo Datafolha, ante 39% que não acreditam na hipótese e 7% que dizem não saber.

O instituto questionou 2.002 eleitores sobre o tema nos dias 12 e 13 de dezembro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

O resultado é semelhante ao aferido na oportunidade anterior em que a pergunta foi elaborada, em março deste ano. A crença na intenção de Bolsonaro oscilou negativamente (eram 55%), e na sua inocência permaneceu onde estava (igualmente em 39%).

De lá para cá, o ex-presidente foi indiciado no inquérito que apura a trama golpista ao lado de outras 39 pessoas, 28 delas militares. Ele diz ser inocente e vítima de perseguição política e já afirmou que as conversas para mantê-lo no poder eram apenas isso, sem consequência.

A Polícia Federal discorda, e há a expectativa de que Bolsonaro possa ser denunciado pelo Ministério Público e até julgado ainda em 2025. Ele já está inelegível até 2030, condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por sua campanha contra as urnas eletrônicas.

O cerco sobre o ex-presidente, que já ventilou a hipótese de refúgio em alguma embaixada simpática à sua causa, cresceu no último final de semana com a prisão de seu candidato a vice em 2022, o general da reserva e ex-ministro Walter Braga Netto.

A opinião apurada acompanha, em média, o desenho socioeconômico da aprovação do governo Lula. Dizem mais que Bolsonaro quis dar um golpe os menos instruídos (59%), os mais pobres (60%) e nordestinos (64%).

Na mão inversa, isentam mais o ex-presidente quem tem curso superior (47%), mais ricos (49%), moradores do Sul (50%) e evangélicos (52%). Por óbvio, a divisão entre quem votou em Lula e quem escolheu Bolsonaro gera abismos de opinião nesses grupos.

Reforça essa visão uma outra questão colocada aos entrevistados. Para 68% deles, houve risco de golpe naqueles meses finais de 2022. Desses, 43% acreditam que o perigo foi grande, 17%, médio, e 8%, pequeno. Descartaram a hipótese 25% dos ouvidos, e 7% disseram não saber.

A avaliação é majoritária em todos os estratos, chegando a picos ente os mais pobres (74%), nordestinos (78%) e eleitores de Lula (89%). Acham que não não houve risco mais os homens (30%), mais ricos (34%) e quem se diz bolsonarista —ainda assim, não a maioria deste grupo, e sim 46% de seus membros.

A visão geral ganha algumas matizes quando se explora o tema com o entrevistado.

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O Datafolha inicialmente quis saber quem teve conhecimento da investigações que revelaram um suposto plano para matar Lula, seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes (STF), que toca o inquérito do caso.

Disseram estar a par desses detalhes 63% dos ouvidos, 29% deles se considerando bem informados. Já não ouviram falar do plano 37% dos ouvidos, com um chamativo índice de 57% entre os mais jovens (16 a 24 anos).

O grau de conhecimento afeta diretamente a opinião sobre a participação direta de Bolsonaro neste plano de assassinato ou prisão de autoridades.

Entre quem conhece o caso, 50% creem que ele estava envolvido, ante 40% que dizem o contrário. A avaliação se inverte entre quem não está a par: 54% acham que o ex-presidente é inocente, e 22%, que não.

Isso tudo compõe um quadro geral de divisão da população. No todo, 46% acham que Bolsonaro não sabia desse plano em especial, ante 39% que afirmam acreditar nisso. Não souberam avaliar expressivos 15% dos entrevistados.

As divisões populacionais seguem as mesmas de outros questionamentos que envolvem os personagens da polarização brasileira.


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