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Brasil

Vacinação da pólio despenca em 5 anos no Brasil e novos casos no exterior acendem alerta

Índice de imunização contra a doença no Brasil passou de 97%, em 2012, para 59%, em 2021.

Cobertura vacinal contra a poliomielite se aproximava de 100% – Foto: Reprodução/Marcello Casal Jr/ABR

A poliomielite ressurgiu em Israel e também tem uma nova cepa em Malauí, na África. Esses registros não acenderiam o alerta para o Brasil, que tem certificado de erradicação desde 1994, mas agora o país está com “alto risco de reintrodução da pólio”: a cobertura vacinal contra a doença passou de 97% em 2012 para 59% em 2021. A maior queda ocorreu nos últimos 5 anos. A informação é do g1.

“Uma menina de 3 anos foi diagnosticada com poliomielite por poliovírus selvagem no Malauí, é o primeiro caso na África em 5 anos. O Brasil é um dos 6 países das Américas com alto risco de reintrodução da pólio, no nosso caso pela queda da cobertura vacinal”, disse Gerson Salvador, infectologista do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP).

Salvador explica que a até 2015 a “cobertura vacinal contra a poliomielite se aproximava de 100%”. A partir de 2016, ocorreu uma “queda vertiginosa”.

Isabela Ballalai, pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), também afirmou que “o Brasil tem vários fatores de risco para a poliomielite”, sendo que o mais novo deles é a baixa cobertura vacinal. Segundo ela, a situação só poderá ser considerada controlada se a cobertura vacinal retomar a taxa de 95%.

O g1 entrou em contato com o Ministério da Saúde para entender quais medidas estão sendo tomadas para evitar a retomada da doença no Brasil. Até a última atualização desta reportagem, ainda não havia recebido uma resposta.

Casos em Israel e no Malauí

O Ministério da Saúde de Israel informou no domingo (6) um novo caso de poliomielite em uma criança de 4 anos em Jerusalém. O paciente não estava imunizado contra a doença, apesar de fazer parte das imunização de rotina do país.

Além disso, o governo de Israel informou que começou uma investigação para rastrear os contatos próximos à criança e descobrir se há necessidade de novas recomendações para enfrentar a transmissão.

“Ressalta-se que o vírus foi encontrado em amostras de água de esgoto coletadas na região onde ocorreu o caso, o que pode acontecer, mas, até o momento, não haviam ocorrido casos clínicos anteriores semelhantes”, disse o Ministério da Saúde de Israel.

Já na quinta-feira (30), a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um informe a respeito de uma versão selvagem do vírus no Malauí. Uma criança de 5 anos foi diagnosticada com a doença em Lilongwe, capital do país africano, em 19 de novembro de 2021.

Em 26 e 27 de novembro, foram coletadas duas amostras de fezes e recebidas pelo laboratório de referência da África do Sul, o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD). Depois, em 14 de janeiro de 2022, elas foram encaminhadas para o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

Sobre a pólio

A poliomielite, também chamada de “paralisia infantil”, é uma doença infectocontagiosa transmitida por um vírus. Ela é caracterizada por um quadro de paralisia flácida.

O início é repentino e a evolução do déficit motor ocorre, em média, em até três dias. A doença acomete, em geral, os membros inferiores, de forma assimétrica, e tem como principal característica a flacidez muscular.

Para evitar contaminação, a primeira dose da vacina deve ser aplicada na criança aos 2 meses de vida. A segunda, aos 4 meses; a terceira, aos 6 meses; e a quarta dose (chamada de reforço) com 1 ano e 3 meses.

O Brasil está livre da poliomielite desde 1990, segundo o Ministério da Saúde. Em 1994, o país recebeu a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).


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