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Brasil

Casos confirmados de novo coronavírus entre indígenas chegam a 23; tuxaua morre após receber visita do filho

Relatório da Sesai aponta outros 25 casos em investigação

O balanço mais recente da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) relaciona um total de 23 casos confirmados de Covid-19 entre a população indígena. Com informações atualizadas às 17h dessa quinta-feira (16), o relatório considera outros 25 casos suspeitos, ou seja, que ainda estão sob investigação. Em nota, o órgão confirmou, hoje (17), a morte do tuxaua da Aldeia São Benedito, no Amazonas, que testou positivo para novo coronavírus.

O Ministério da Saúde informou que o tuxaua, da etnia Sateré-Mawé, líder da aldeia localizada na terra indígena Andirá/Maraú, em Maué, tinha 67 anos e estava hospitalizado desde 13 de abril, após apresentar sintomas de Covid-19. Um teste rápido confirmou a infecção e a secretaria aguarda contraprova laboratorial. DE acordo com a pasta, a equipe multidisciplinar que atua na aldeia descobriu que o tuxaua havia sido recentemente visitado pelo filho, que mora em Salvador (BA), que apresentava tosse.

Região Norte concentra casos
O relatório da Sesai ponta que os 23 casos confirmados até ontem concentram-se em cinco Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), todos da região Norte do país. São eles: Alto Rio Solimões, que soma oito ocorrências (34,8%); Manaus, com 12 (52,2%) e Médio Rio Purus, Parintins e Yanomami, que têm, cada um, somente um caso (4,3%, cada). Ao todo, 12 pacientes são do gênero feminino e 11 do masculino.

A média é de 32 anos de idade, sendo que apenas dois deles têm entre 60 e 79 anos. Uma das vítimas fatais da doença, porém, foi o yanomami Alvaney Xiriana, que tinha apenas 15 anos de idade.

Também entram na conta da Sesai 46 casos descartados após testagem, que representam quase metade (48,9%) do total, e seis recuperações, identificadas como curas clínicas. No total, três óbitos de indígenas infectados pelo Sars-Cov-2 constam dos registros oficiais do governo federal.

A Sesai observa, no relatório, que sete infectados declararam ter viajado para locais onde se identificou transmissão comunitária (quando se torna impossível mapear a cadeia de propagação) e que 12 tiveram contato próximo com algum caso suspeito de Covid-19. Além disso, 17 afirmaram ter tido contato com um paciente que testou positivo e três receberam atendimento em unidades de saúde nos 14 dias anteriores ao início dos sintomas.

Outro detalhe fornecido pela secretaria que ajuda na compreensão de como o vírus tem circulado nas comunidades indígenas é o fato de que 12 casos são de aldeias próximas a município com transmissão comunitária declarada. Dos três indígenas falecidos, dois foram infectados em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), onde faziam tratamento; um em Manaus e o outro em Boa Vista.

No último dia 2, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu nota recomendando ações emergenciais de proteção à saúde dos povos indígenas. O órgão afirma que “as medidas de restrição de acesso em vigor atualmente não garantem proteção territorial suficiente para evitar o contágio dos povos indígenas pelo novo coronavírus”.

No entendimento do MPF, a presença “de garimpeiros, madeireiros, dentre outras atividades criminosas” acaba anulando a proteção que políticas sanitárias e de isolamento social poderiam assegurar. O órgão pede que a Fundação Nacional do Índio (Funai) implemente “imediatamente medidas de proteção territorial em todas as terras indígenas identificadas ou delimitadas, declaradas ou homologadas”. O apelo segue na mesma linha de uma mensagem veiculada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.

Para garantir o isolamento social, diversas aldeias têm se organizado para barrar a entrada de pessoas de fora das comunidades. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), até esta quarta-feira (15), havia bloqueios em 12 estados, feitos por 23 povos.


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