Brasil
Cartão corporativo: gastos repetidos de Bolsonaro coincidem com motociatas
A lista das compras mostra várias transações repetidas nos mesmos postos de combustível em que apoiadores se reuniam para as passeatas sobre rodas.
A quebra do sigilo de 100 anos imposto por Jair Bolsonaro (PL) no detalhamento de seus gastos com o cartão corporativo revela um comportamento repetido em dias em que o ex-presidente realizava ‘motociatas’ pelo país. A lista das compras mostra várias transações repetidas nos mesmos postos de combustível na localidade em que apoiadores se reuniam para as passeatas sobre rodas.
Um dos exemplos aconteceu no dia 15 de abril de 2022. Na ocasião, Bolsonaro e milhares de apoiadores, incluindo o então ministro e pré-candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), saíram da capital paulista rumo a Americana em uma motociata.
O evento, batizado de ‘Acelera para Cristo’, teve um custo de R$ 1 milhão aos cofres do estado, conforme publicado à época pela Folha de S.Paulo, mas os custos não pararam por aí. De acordo com o relatório do cartão corporativo, foram feitos 23 abastecimentos no Auto Posto Moraes e Moraes LTDA., em Americana, naquele mesmo dia. Cada transação foi de, em média, R$ 53,05 e o valor final gasto na loja foi de R$ 1.187,26.
Nos dois dias que antecederam a motociata rumo a Americana, foram registrados nove abastecimentos no mesmo posto, na capital paulista. O gasto total no Posto Brigadeiro LTDA. foi de R$ 669,65.
Situação semelhante aconteceu em um posto de Porto Seguro-BA, em 22 de abril. Em viagem ao sul baiano para as festividades do Dia do Descobrimento do Brasil, o então presidente organizou uma motociata na cidade.
O evento ajudou os cofres do posto Beira Mar Comércio de Combustíveis e Lubrificantes LTDA. Foram 19 transações, com uma média de R$ 78,27 cada e um valor total de R$ 1.687,46 saindo do cartão corporativo de Bolsonaro.
Gasto com automóveis
Além das motos, durante seu governo, Bolsonaro inaugurou as ‘lanchaciatas’. Na virada de 2021 para 2022, de férias no litoral norte de São Paulo, o então presidente teve gastos perdulários com combustível. No mesmo estabelecimento, descrito como Ka Brasil Comércio de Combustível, localizado em Ubatuba-SP, ele fez compras de dezenas de milhares de reais.
Em 27 de dezembro, Bolsonaro gastou R$ 34.935,95 no posto e, em 2 de janeiro, a conta mais do que duplicou, atingindo R$ 71.407,37. No segundo dia do ano, o então presidente fez um passeio de Jet Ski e encontrou apoiadores nas águas paulistas.
Durante os quatro anos de Bolsonaro no Palácio do Planalto, os gastos do cartão corporativo com combustíveis e manutenção de veículos foi de cerca de R$ 720 mil. Esse valor mais do que dobrou nos últimos dois anos de mandato, passando de R$ 222 mil na primeira metade para mais de R$ 497 mil no período derradeiro.
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