Bolsonaro compartilha vídeo com chamado para manifestações e gera reação de líderes políticos

O presidente Jair Bolsonaro compartilhou por WhatsApp vídeo convocando a população para atos que visam a “resgatar o Brasil” no momento em que seus apoiadores organizam manifestações anti-Congresso, marcadas para 15 de março. O jornal O Globo afirmou que o ex-deputado federal Alberto Fraga, amigo do presidente, confirmou ter recebido a mensagem, que provocou reação de diversos políticos.

Apoiadores de Bolsonaro organizam a mobilização, que defende o governo e os militares e ataca o Congresso Nacional. Na semana passada, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, acusou os parlamentares de fazer chantagem.

Pelas redes sociais, grupos pró-Bolsonaro postam imagens de ataque ao Congresso, retirada dos comandantes da Câmara e do Senado e de alusão ao uso das Forças Armadas no movimento.

O vídeo compartilhado pelo presidente tem o hino nacional ao fundo e, em meio a imagens de protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff e da última campanha presidencial, uma voz que questiona: “Por que esperar pelo futuro se não tomarmos de volta o nosso Brasil?”.

A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que não vai se manifestar sobre o episódio.

No Twitter, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou se tratar de “uma crise institucional de consequências gravíssimas”. “Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto se tem voz”, escreveu.

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição, pediu reunião urgente com outros parlamentares para discutir ações diante da participação de Bolsonaro na convocação para as manifestações. “É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve. Ao não encontrar soluções para o país, ao se sentir sozinho, isolado e frágil, Bolsonaro apela ao que todos temíamos: a um ato autoritário contra a própria democracia. Não dá mais”, disse, em nota.

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OA), Felipe Santa Cruz, disse que o ato de Bolsonaro, se confirmado, pode abrir caminho para pedido de impeachment. “A Constituição e a democracia não podem tolerar um presidente que conspira por sua supressão”.